O motorista do caminhão que avançou contra uma multidão em Nice, no sul da França, matando ao menos 84 pessoas, foi formalmente identificado, disseram fontes policiais na manhã desta sexta-feira (15). Trata-se de um francês de origem tunisiana de 31 anos de idade.
Identificado como Mohamed Lahouaiej Bouhlel, o agressor não estava na lista de vigilância dos serviços de inteligência franceses, mas era conhecido pelas autoridades por crimes comuns, como roubo e violência com arma. Os documentos do terrorista, que vivia em Nice, foram encontrados no caminhão.
De acordo com o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, 18 pessoas estão em estado grave após o ataque em Nice na noite de quinta-feira, durante festividades do Dia da Bastilha, data nacional da França. Milhares de pessoas estavam reunidas na famosa avenida Promenade des Anglais, à beira-mar, para acompanhar a queima de fogos de artifício.
O caminhão, de 25 toneladas, percorreu a via logo após o fim da queima de fogos, por volta das 22h30. Segundo autoridades, o veículo trafegou por cerca de dois quilômetros, até o motorista ser morto a tiros pela polícia. Várias crianças estão entre as vítimas. O hospital infantil de Nice disse ter tratado cerca de 50 crianças e adolescentes feridos no ataque, incluindo dois que morreram durante ou após serem submetidos a cirurgia.
Uma testemunha disse ter pensado que o agressor estava disparando tiros enquanto dirigia. “Eu vi aquele caminhão branco enorme passando em alta velocidade”, contou Suzy Wargniez, de 65 anos de idade, que assistia à queima de fogos de um café na avenida. “Estava atirando.”
Cena islamista
Na manhã desta sexta-feira, o caminhão – um veículo alugado, segundo autoridades – ainda estava no local onde parou na noite anterior. Sangue e destroços estavam espalhados sobre a avenida à beira-mar. Uma autoridade local disse que dentro do caminhão foram encontradas armas e granadas.
Nas primeiras horas após o atentado, nenhum grupo terrorista havia reivindicado a autoria da ação. A polícia informou que tenta estabelecer eventual conexão do motorista com cúmplices na cidade, conhecida por ligação com a militância islâmica.
Nice, com 350 mil habitantes, tem um histórico de resort aristocrático, mas também viu dezenas de seus moradores viajarem para a Síria para lutar ao lado de extremistas – caminho seguido por outros autores de atentados do “Estado Islâmico” (EI) na Europa.
“Nem o local nem a data são coincidência”, disse Claude Moniquet, ex-agente da inteligência francesa e consultor de segurança, ressaltando a presença jihadista em Nice e o fato de que o 14 de Julho marca a Revolução Francesa.
Na madrugada, o presidente da França, François Hollande, afirmou que “o caráter terrorista” do ataque com um caminhão em Nice “não pode ser negado”.
Em curto pronunciamento na televisão, o chefe de Estado disse ainda que prorrogará por mais três meses o estado de emergência que vigora na França desde os atentados de 13 de novembro. Horas antes, Hollande havia anunciado que o estado de emergência terminaria no próximo dia 26 de julho, depois de já ter sido prorrogado três vezes pelo Parlamento francês.
“A França como um todo está sendo atacada pelo terrorismo islâmico”, afirmou Hollande. “Vamos mostrar a mais absoluta vigilância e determinação. Temos de fazer de tudo para lutar contra o flagelo do terrorismo.” (Com agências internacionais)