Divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Banco Central, como acontece semanalmente, o Boletim Focus traz informações do mercado financeiro sobre a economia nacional que não são animadoras. De acordo com a consulta realizada pelo BC com analistas do mercado, o Produto Interno Bruto (PIB) de 2016 deve registrar retração de 3,45%. Na consulta anterior, a estimativa era de baixa de 3,40%; quatro semanas antes, o recuo previsto era de 3,01%.
Para o próximo ano, a expectativa de recuperação da economia foi mantida em 0,50%, após cinco semanas seguidas de redução – um mês atrás, a projeção era de crescimento de 0,70% da atividade.
Os economistas das maiores instituições financeiras em atividade no País reduziram projeção para a inflação deste ano, de 7,62% para 7,57%. Trata-se da primeira vez em oito semanas que houve recuo na perspectiva para o mais temido fantasma da economia. A última vez que isso ocorreu foi em 24 de dezembro, quando a previsão para o Índice Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2016 recuou de 6,87% para 6,86%.
Para 2017, a expectativa do mercado manteve-se em 6%, teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5% com oscilação de até 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Esse recuo não deve ser comemorado, pois resulta de uma retração ainda maior da economia, já que o consumo da população vem caindo de forma sistemática e preocupante. Quem rotineiramente sai às compras, em especial de alimentos, sabe que os preços dos produtos subiram a ponto de assustar o consumidor.
O cenário atual tem levado o cidadão a consumir menos, não sem antes substituir marcas e produtos, além de mudar o estilo de vida. Isso tem obrigado muitos estabelecimentos, industriais e comerciais, a reverem os preços e a abusar das promoções, sob pena de encalhe de produtos e perda daqueles que têm prazo de validade curto. Para piorar o quadro, o consumo também registrou queda por causa da elevação do desemprego em todo o País.
A produção industrial é o principal setor responsável pelas previsões para o PIB em 2016 e 2017. No boletim Focus, a mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro revela uma expectativa de baixa de 4,50% para este ano ante recuo de 4,40% previsto na semana passada.
Na pesquisa realizada quatro semanas atrás, a mediana das estimativas estava em -3,80%. Para 2017, a previsão mudou de 1,00% para 0,80%. Quatro semanas antes, estava em 1,50%.
Os economistas pouco mexeram em suas estimativas para o indicador que mede a relação entre a dívida líquida do setor público e o PIB, uma das principais variáveis acompanhadas pelas agências de classificação de risco.
Para este ano, a mediana das previsões passou de 40,70% para 40,75% de uma semana para outra, ante 40,00% de quatro semanas antes. No caso de 2017, as expectativas permaneceram em 44,00% de uma edição para a outra – no boletim divulgado há um mês a taxa era de 43,00%.