Integrantes da cúpula petista continuam com discursos desconexos sobre o escândalo do mensalão

Fios trocados – Tirante a incompetência da maioria dos seus integrantes e o incontestável talento da legenda para a corrupção e a desfaçatez, o PT peca ao não combinar prévia e internamente os discursos que servem para ludibriar a opinião pública. As mentiras são tantas dentro do PT, que nem mesmo Joseph Goebbels – homem forte da propaganda nazista e autor da frase “Uma mentira contada mil vezes torna-se verdade” – daria conta do recado.

Dias após o escândalo do Mensalão do PT vir à tona, Luiz Inácio da Silva, temendo ser apeado do poder, ocupou os meios de comunicação e afirmou que o Partido dos Trabalhadores devia desculpas ao povo brasileiro. Acreditou nesse palavrório visguento apenas a parcela incauta da população, pois os que conhecem os meandros da política sabiam da verdade.

O tempo avançou, a CPI dos Correios e outras mais acabaram e Lula começou a construir um discurso diferente, maquiavélico e mentiroso. Passou a falar em todos os cantos que o Mensalão do PT fora uma tentativa de golpe da oposição e das elites brasileiras, que, segundo o petista, queriam vê-lo longe do Palácio do Planalto.

Parlapatão experiente, Lula foi reeleito e deixou o assunto decantar, até que o julgamento dos mensaleiros despontou na agenda do Supremo Tribunal Federal. Na esperança de postergar a condenação dos companheiros, o ex-presidente retomou o velho discurso, mas incluiu no bojo da culpa pelo golpe, que nunca aconteceu, setores da imprensa e o Judiciário. Estava criada na cabeça de Lula a tríade do mal que conspirou contra o Messias tupiniquim.

Antes disso, Silvio Pereira, secretário-geral do PT à época do escândalo e denunciado pelo Ministério Público Federal por participar do esquema de compra de parlamentares e desvio de dinheiro público, fez um acordo com a Justiça, o que foi considerado como um reconhecimento de que aquilo que Lula negava, como ainda nega, realmente existiu. Tempos depois, Silvinho Pereira, como é conhecido o ex-petista, revelou que o objetivo do esquema era irrigar o PT com R$ 1 bilhão.

Ministro da Justiça, o também petista José Eduardo Martins Cardozo não apenas afirmou que o Mensalão do PT existiu, mas disse que os culpados deveriam ser condenados. Enquanto isso, Lula insistia na tese mentirosa do golpe das elites.

Ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares concordou, depois de reunião da cúpula do partido, assumir a culpa pelo ocorrido. A tentativa de salvar José Dirceu e José Genoino, ambos condenados, não funcionou e Lula retomou seu enfadonho discurso.

Com o julgamento da Ação Penal 470 avançando no Supremo e a possibilidade de condenação dos réus crescendo a cada dia, a presidente Dilma Rousseff ordenou aos assessores silêncio obsequioso em relação ao tema, evitando assim qualquer respingo do escândalo no Palácio do Planalto.

Há dias, o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, disse em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo” que o PT precisa esgotar a “agenda de solidariedade” aos condenados no mensalão. “Já falamos o suficiente sobre isso”, declarou o governador gaúcho. É mais um integrante da cúpula do partido que, não declaradamente, reconhece a existência do esquema criminoso.

Como Goebbels não ressuscitou, o plano é transformar em mártires os petistas condenados no processo do Mensalão do PT que terão de cumprir parte das respectivas penas de prisão em regime fechado.