Dilma Rousseff passa ao largo da verdade e destaca conquistas do PT em dez anos de poder

Fora da realidade – Ao desocupar o Palácio do Planalto, no último dia de 2010, Luiz Inácio da Silva deixou para trás sua catapulta de ufanismo, que agora é constantemente acionada pela sucessora, Dilma Vana Rousseff, para não desmontar a farsa inventada pelo ex-metalúrgico. Em artigo publicado na edição de domingo (30) do jornal “Folha de S. Paulo”, sobre os dez anos do PT no poder central, a presidente destacou o avanço da inclusão social, com o combate à desigualdade, e a solidez econômica do Brasil.

Não há quem chegue à presidência de um país, mesmo que desorganizado seja, no vácuo da inocência ou da ignorância. Considerando que Dilma Rousseff não se encaixa nesta classificação, causa espécie o fato de a presidente afirmar em seu artigo que a solidez econômica brasileira é obra do Partido dos Trabalhadores. A insistência do PT em fazer de Lula um misto de último dos gênios com salvador da pátria é no mínimo galhofa. As consequências do desastre que foram seus dois governos continuam sendo maquiadas com programas oficiais que não saem da mesmice e são seguidamente rebatizados.

Solidez econômica se avalia não por um momento pontual da economia de um país, mas através de um espectro de longo prazo. Para emoldurar essa avaliação deve-se considerar, também, a confiança dos investidores internacionais privados, que vem caindo em razão do intervencionismo cada vez maior do Estado e a falta de competência do governo para realizar as mudanças estruturais necessárias. Preocupados com o futuro da economia brasileira, investidores estrangeiros já começaram a mudar o destino do dinheiro.

O pífio crescimento do Produto Interno Bruto em 2012 (1%) é prova de que o PT conseguiu a proeza de arruinar, em dez anos, o que demorou décadas para ser consertado e custou o suor de cada um dos brasileiros. Se o PIB de 2011 (2,7%) foi considerado “pibinho”, o que dizer em relação ao crescimento econômico deste ano?

Dilma precisa ter humildade e reconhecer que a economia brasileira está na corda bamba, o que compromete a solidez econômica alardeada em seu artigo. Não se pode falar em solidez econômica quando o País enfrenta uma crescente crise de infraestrutura, ao mesmo tempo em que as autoridades perdem todas as batalhas contra a inflação. De igual modo é irresponsabilidade defender tal tese enquanto o governo insiste em apostar suas fichas no consumo interno para reverter a crise que corre de norte a sul.

Ainda na mesma seara, é inadmissível falar em solidez econômica diante de uma crescente falta de mão de obra qualificada, o que obrigou o governo a flexibilizar regras para “importar” profissionais capacitados.

Em relação ao que o PT resolveu chamar de inclusão social, o ucho.info prefere classificar como estelionato oficial contra a extensa parcela incauta da sociedade, que, acreditando no discurso messiânico de Lula, incorreu em grave erro e partiu para as compras de forma atabalhoada. Com essa receita milagrosa o PT palaciano conseguiu arremessar à classe média um contingente de quase 40 milhões de consumidores, em sua maioria endividados além da capacidade de pagamento, o que explica o preocupante aumento da inadimplência.

Há um conjunto de erros sucessivos cometidos pelo governo na gestão da economia, mas Dilma Rousseff garante que o ainda ministro da Fazenda, Guido Mantega, só deixará o cargo se assim desejar. Nos bastidores, até mesmo os petistas já cobram a saída de Mantega, que pode ser ejetado do governo na mini-reforma ministerial que possivelmente ocorrerá em fevereiro próximo.

Só mesmo os de raciocínio obtuso não conseguem perceber que há algo errado na economia de um país onde o consumo é excessivo, as taxas de juro caem, a carga tributária é ultrajante, a inflação sobe, o governo investe pouco e mal, a inadimplência cresce, o endividamento familiar preocupa, a corrupção vira regra e o PIB cai. Fora isso, o rendimento da poupança em 2012 foi o pior dos últimos 45 anos, ficando abaixo da inflação, enquanto as ações da Petrobras e da Eletrobras, duas importantes estatais, registraram expressivas perdas na Bolsa de Valores.

Os brasileiros que pensam, presidente Dilma, já perceberam que contestar o que os números provam de forma clara e inquestionável é perda de tempo. E como diz o dito popular, tempo é dinheiro. Sabemos também, presidente, que o espólio do companheiro Lula, por mais que se queira negar, continua espalhando maldição e que a reeleição de Vossa Excelência estará comprometida se a economia não reagir no ano que está prestes a começar, mas é melhor entrar para a história falando a verdade, ao invés de querer ser mais uma estória na lufada de mitomania que sopra no Planalto Central.

Contudo, presidente, nós do ucho.info, assim como dezenas de milhões de brasileiros, somos impelidos a concordar que seu antecessor fez algo de bom no tempo que passou no Palácio do Planalto. Ele foi preciso e profético ao declarar que “nunca antes na história deste país”. E seria uma brutal irresponsabilidade não reconhecer que quando um político consegue transformar o escândalo que derrubou Fernando Collor em assunto para juizado de pequenas causas, é porque algo de podre há no reino de Dom Lula I.