Nesta terça-feira (15), após um dia conturbado por causa das incertezas políticas que só crescem, a Bovespa fechou em forte queda pressionada por notícias de que o ex-presidente Lula assumirá um ministério no governo da presidente Dilma Rousseff. No mais, os rumores fizeram as ações do Banco do Brasil encerrarem o dia com a maior queda em 20 anos (21,17%).
O principal banco estatal, cujas ações vinham subindo com força em março, perdeu nesta sessão R$ 13,5 bilhões em valor de mercado. Perda considerável em qualquer lugar do planeta, situação que deveria obrigar Dilma a rever sua decisão (sic) de ficar Lula na Secretaria do Governo.
O Ibovespa caiu 3,56 %, a 47.130 pontos, na segunda queda seguida, reduzindo o ganho acumulado no mês a 10,13 %. Na última sexta-feira (11), o índice de referência do mercado acionário local acumulava alta de 16 % no mês. O volume financeiro somou R$ 8,29 bilhões.
De acordo especialistas do mercado financeiro, o retorno de petista ao centro do governo enfraqueceria o processo de impeachment de Dilma e possibilitaria sobrevida à descontrolada administração petista, o que preocupa investidores, que apostam em melhora das perspectivas econômicas a partir da troca do comando do País.
Segundo uma fonte do Palácio do Planalto, Lula substituirá Ricardo Berzoini na Secretaria de Governo, mas com mais poderes. O ex-presidente tem nesta terça-feira uma última conversa com Dilma, no Palácio da Alvorada, para acertar o formato do trabalho que fará no governo.
Lula, para desespero do mercado, exigiu de Dilma “carta branca” para fazer as mudanças necessárias no governo, começando pela substituição de alguns ministros da área econômica, como Nelson Barbosa (Fazenda) e Alexandre Tombini (Banco Central). A ideia de Lula é promover uma manobra radical na economia, levando o Brasil ao modelo que prefaciou a atual crise.
Também repercutiram na sessão desta terça-feira da Bovespa os detalhes do acordo de delação premiada firmado pelo senador Delcídio Amaral (MS) no âmbito da Operação Lava-Jato.
Na delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-líder do governo no Senado cita Lula, a presidente Dilma, o ainda ministro Aloizio Mercadante (Educação), Erenice Guerra (braço de Dilma durante anos) e também o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), entre tantos outros políticos.
O pregão da Bolsa brasileira ainda teve como pano de fundo o quadro externo desfavorável, com queda nos preços das commodities.