Atleta paraolímpica belga admite optar pela eutanásia após os Jogos do Rio de Janeiro

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Os Jogos Paraolímpicos do Rio de Janeiro devem ser o capítulo final da carreira esportiva da belga Marieke Vervoort. Contudo, o evento pode também representar uma das derradeiras etapas da vida da atleta.

Confinada a uma cadeira de rodas desde o ano 2000, por causa de doença degenerativa na coluna, Marieke há muito não mexe as pernas. E desde então as dores agudas a acompanham.

“O esporte é a única razão da minha vida”, afirmou ao jornal francês Le Parisien a atleta de 37 anos, que se dedica ao sprint em cadeira de rodas.

A medalha de ouro conquistada nos Jogos de Londres (2012) e o alto do pódio nas provas de 100, 200 e 400 metros dos campeonatos mundiais realizados em Doha, em 2015, não aliviaram as dores. “Todo o mundo me vê sorrir com a minha medalha de ouro, mas ninguém vê o lado sombrio. Sofro enormemente, por vezes não durmo mais de 10 minutos por noite. E continuo à procura do ouro”.


Diante do agravamento do quadro de saúde, Marieke faz uma confissão impressionante: “comecei a pensar na eutanásia”. Na Bélgica, a legislação local permite que pessoas com doenças terminais ou que provoquem sofrimento extremo escolham o momento da própria morte.

Essa dura decisão está nos planos de Marieke Vervoort, que inclusive faz recomendações para o seu funeral: “Não quero igreja, não quero café ou bolos. Quero que toda a gente tenha um copo de champanhe na mão e me dedique um pensamento”.

A atleta belga, que em 2013 venceu uma grave lesão no ombro que levou-a a derrotar o prognóstico dos médicos que decretaram o fim da sua carreira, desembarcou no Rio de Janeiro cheia de otimismo. Conhecida pela alcunha “Wielemie” (que significa “a roda e eu”), conta os seus planos para as provas de 100m e 400m que disputará nos Jogos do Rio.

A Paraolimpíada de 2016 começa nesta quarta-feira (7) e duram até o próximo dia 18. “O Rio é o meu último desejo. Treino muito duramente, mesmo que tenha de lutar dia e noite contra a minha doença. Quando me sento na cadeira, a frustração desaparece. Espero terminar a minha carreira num pódio do Rio de Janeiro”.

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