Gleisi solidariza-se com integrante de quadrilha do MST presa por roubo, incêndio e porte de arma

Não há fronteiras para a desfaçatez da senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR), que nesta quarta-feira de Cinzas (1) esteve em Laranjeiras, cidade do Paraná, para levar sua solidariedade a Fabiana Braga (ao centro na foto), que usa o codinome “Bugra”. Ela é líder do MST e foi presa no final de 2016 na Operação Castra, da Polícia Civil do Paraná.

A quadrilha de sem-terra que recebeu o apoio de Gleisi é acusada de diversos crimes, como organização criminosa, suspeita de furto e dano qualificado, roubo, invasão de propriedade, incêndio criminoso, cárcere privado, lesão corporal, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e constrangimento ilegal.

Nem mesmo o fato de o grupo ser acusado de crimes que abrangem quase a metade do Código Penal inibiu a senadora de posar de mãos dadas com a militante, em clima de plena solidariedade. A questão que se coloca no caso em questão, além do absurdo de uma senadora solidarizar-se com uma organização criminosa de conhecida periculosidade, é saber quem pagou os deslocamentos de Gleisi. Será que foi o Senado? O povo brasileiro paga a conta dessa confraternização profana?

Entenda o caso

Oito suspeitos de integrar uma organização criminosa foram presos durante a “Operação Castra” – deflagrada no final de 2016 no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul. As pessoas detidas pela Polícia Civil paranaense integram o Movimento Sem Terra (MST) e são investigadas por diversos crimes, como os mencionados acima.

Com um dos presos a polícia apreendeu um fuzil, uma pistola calibre 9 milímetros, colete balístico, dois rádios comunicadores e mais de 50 munições compatíveis. No cumprimento dos dez mandados de busca foram apreendidos celulares, guias de trânsito de animal (suspeitas de falsificação, o que será apurado pela polícia) e equipamentos de uma emissora rádio clandestina que funcionava na cidade de Quedas do Iguaçu, região Oeste do Paraná.

Além deste município, a ação policial aconteceu em Laranjeiras do Sul e Francisco Beltrão. Entre os presos está Claudelei Torrente de Lima (vulgo Cachorro), eleito recentemente vereador de Quedas do Iguaçu. Sete pessoas, todas do MST, estão foragidas da Justiça – Antônio de Miranda, dirigente nacional do movimento com forte liderança no Paraná, e Rudmar Moeses, considerado um dos líderes do MST nas plagas paranaenses.


A investigação – conduzida pelos delegados Adriano Chohfi, titular da 15ª Subdivisão de Cascavel, e Anna Karyne Turbay Palodetto – começou em março de 2016, após reuniões na Secretaria da Segurança Pública do Paraná, em Curitiba, nas quais foram relatadas uma série de denúncias de supostos crimes no município de Quedas do Iguaçu.

“Sentamos com representantes do MST, inclusive dois que participaram foram presos, e com empresários e fazendeiros de Quedas do Iguaçu, quando me foram apresentadas denúncias de ambos os lados. De imediato, tomamos providências. Foram instaurados inquéritos na Polícia Civil e, em relação às denúncias apresentadas pelo MST, dando conta de possíveis crimes ambientais e de segurança clandestina, encaminhamos para a Polícia Federal para devida apuração”, explicou o secretário da Segurança, Wagner Mesquita.

Durante a investigação, a Polícia Civil se deparou com uma situação de incêndio criminoso num viveiro de mudas. A delegada Anna Karyne lembra ainda do episódio da invasão da Fazenda Dona Hilda, em Quedas do Iguaçu, quando empregados da propriedade disseram, em depoimento à polícia, terem sido mantidos em cárcere privado por horas e sob a mira de armas de fogo de grosso calibre.

O dono da terra relatou que após a invasão cerca de 1,3 mil cabeças de gado sumiram. Ainda segundo o fazendeiro, a invasão gerou um prejuízo total estimado em R$ 5 milhões à propriedade.

“Descobrimos que parte deste gado foi roubado pelos investigados e revendidos. Conseguimos recuperar alguns animais. Em uma destas negociações, os bois foram comprados por R$ 140 mil”, disse Anna. “Temos relatos de extorsão praticada pelos alvos da operação. Eles chegavam a cobrar até R$ 30 mil do fazendeiro para que ele pudesse colher a lavoura de soja”, completou.

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