Prisão do ex-governador do PR, Beto Richa, do irmão e de assessores demorou, mas acabou acontecendo

Ex-governador do Paraná e candidato ao Senado pelo PSDB, Carlos Alberto Richa, conhecido como Beto Richa, foi preso na manhã desta terça-feira (11) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) em Curitiba.

Preso na Operação “Rádio Patrulha”, do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Richa também é alvo da Polícia Federal (PF), em nova fase da Operação Lava-Jato. Na 53ª etapa da Lava Jato, a casa de Beto Richa foi alvo de mandado de busca e apreensão.

A defesa do ex-governador informou, por meio de nota, que desconhece os motivos que levaram à prisão do tucano e que ainda não teve acesso à investigação.

A Operação “Rádio Patrulha”, do Gaeco, investiga desvios de recursos no programa do governo estadual Patrulha do Campo, que faz a manutenção das estradas rurais. De acordo com as investigações, foram cometidos crimes de pagamento de propina a agentes públicos, direcionamento de licitações de empresas, lavagem de dinheiro e obstrução da Justiça.

Divulgada em 4 de setembro, a mais recente pesquisa Ibope sobre as eleições no Paraná, Richa aparecia em segundo lugar na corrida do Senado, com 28% das intenções de voto. Esse cenário fez com que o MP se manifestasse a respeito da deflagração da operação em meio ao processo eleitoral.

“O Ministério Público tenta se pautar, embora não pareça para muitas pessoas, de acordo com as próprias condições. Não há uma vedação legal de se fazer investigações no período pré-eleitoral. Eu sei que, quando atinge uma pessoa que inclusive é candidata, é obvio que isso interfere. Mas, de alguma forma, nós não podemos parar os trabalhos por motivo dessa natureza, senão nós vamos ter que fechar, fazer férias, algo assim, em certos períodos”, afirmou o coordenador do Gaeco, Leonir Batisti.


Para o UCHO.INFO, fosse apenas uma convocação para depoimento ou indiciamento dos envolvidos em esquema criminoso, esses procedimentos poderiam aguardar algumas semanas, sem prejuízo das investigações. No caso de mandado de prisão, não havia como aguardar, uma vez que os alvos da operação poderiam destruir provas ou coagir testemunhas.

A grande questão que se coloca sobre a Operação “Rádio Patrulha” é o que poderá acontecer a partir dos depoimentos dos que foram presos nesta terça-feira. Afinal, o esquema apontado pelo Ministério Público paranaense não funcionava apenas com a participação dos citados, mas certamente contava com outras pessoas. Isso significa que novas prisões poderão ocorrer, complicando ainda mais o cenário político-eleitoral do Paraná.

Quem acompanha a política paranaense sabe que esse momento haveria de acontecer, pois muitos foram os escândalos abafados ao longo dos oito anos da gestão de Beto Richa. Alguns dos episódios acabaram na vala do esquecimento, outros foram devidamente esquecidos por força dos interesses dos envolvidos.

Fato é que há na terra dos pinheirais muita gente preocupada com a possibilidade de algum dos presos soltar a voz. Há, por exemplo, o caso de um destacado ex-integrante do governo Richa que cobrava propina de alguns empresários e recebia o dinheiro no próprio gabinete. Para não dar na vista, solicitava ao corruptor para que fosse até o banheiro e deixasse o envelope atrás do vaso sanitário.

Confira abaixo a lista com os nomes dos alvos dos mandados de prisão temporária (cinco dias):

Beto Richa (preso) – ex-governador do Paraná e candidato ao Senado pelo PSDB
Fernanda Richa (presa)– esposa de Beto Richa e ex-secretária da Família e Desenvolvimento Social
Deonilson Roldo (preso) – ex-chefe de gabinete do ex-governador
Pepe Richa (preso) – irmão de Beto Richa e ex-secretário de Infraestrutura
Ezequias Moreira (preso)– ex-secretário de cerimonial de Beto Richa
Luiz Abi Antoun (preso) – primo de Beto Richa
Edson Casagrande (preso) – ex-secretário de Assuntos Estratégicos
Celso Frare (preso) – empresário da Ouro Verde
Aldair W. Petry
Dirceu Pupo – contabilista
Joel Malucelli – empresário e dono do grupo J.Malucelli
Emerson Cavanhago – empresário
Robinson Cavanhago – empresário
Túlio Bandeira – advogado
André Felipe Bandeira