Bolsonaro convida pastora para o Ministério dos Direitos Humanos e desagrada bancada evangélica

Quando ainda estava em campanha, o então candidato Jair Bolsonaro disse em diversas ocasiões que, em caso de vitória, formaria uma equipe de governo apenas com notáveis. Eleito presidente da República, Bolsonaro até agora só conseguiu reunir alguns poucos notáveis, sendo o restante da equipe um agrupamento de “anotáveis”. Mesmo que com competência ainda desconhecida, são figuras que em nada ajudarão o futuro governo no Congresso Nacional, onde matérias de interesse do País precisarão ser aprovadas com urgência.

Após 28 anos de mandato como deputado federal, Jair Bolsonaro não aprendeu a mais básica lição da política nacional: a capacidade de articulação e negociação. Na composição da sua equipe de governo, que estreará no próximo dia 1º de janeiro, o presidente eleito tem causado mal-estar em vários setores, sendo o último deles o evangélico.

Após ignorar nomes sugeridos pela bancada evangélica para o Ministério da Cidadania, deixando o senador Magno Malta (PR-ES) à beira do caminho, Bolsonaro convidou a advogada e pastora Damares Alves para chefiar o novo Ministério de Direitos Humanos, Família e Mulheres.

Há nesse convite alguns detalhes polêmicos e que podem levar a uma intifada. Damares é assessora parlamentar e está lotada no gabinete de Magno Malta, que foi convidado para ser candidato a vice na chapa de Bolsonaro e fracassou na tentativa de reeleição ao Senado. A futura ministra dos Direitos Humanos é conhecida por ser uma aguerrida ativista contra a causa LGBT e contra a legalização do aborto. Ou seja, o governo terá sérios problemas mais adiante.

Para boa a maioria da bancada evangélica no Congresso – 88 deputados federais e quatro senadores –a escolha de Damares para o Ministério dos Direitos Humanos “atravessou” os líderes do grupo e representou uma “afronta” e “ingratidão” a Magno Malta.

Para integrantes da bancada evangélica, qualquer convite a Malta a partir de agora é “tardio” e não deveria ser aceito por questão de “bom senso”. Mesmo assim, os parlamentares não cogitam rompimento com o presidente eleito, pelo menos por enquanto.

Para quem prometeu durante a campanha que governaria com no máximo 15 ministérios, Bolsonaro tem se revelado uma ode ao espanto. Até o momento, o eleito já anunciou 20 ministros, podendo chegar a 22.

Além do convite feito à pastora que ocupará a pasta de Direitos Humanos, Família e Mulheres, Bolsonaro anunciou na manhã desta sexta-feira (30) o nome do almirante Bento Costa Lima Leite de Albuquerque Junior para o Ministério de Minas e Energia. O militar é diretor-geral de desenvolvimento nuclear e tecnológico da Marinha. É aguardado o anúncio do futuro ministro do Meio Ambiente. Bolsonaro continua analisando se mantém como ministérios Trabalho e Indústria e Comércio.