Ministério da Agricultura libera novos agrotóxicos; na lista produtos com glifosato, considerado cancerígeno

O Ministério da Agricultura liberou o registro de 31 novos agrotóxicos no país. Entre os produtos, oito foram considerados extremamente tóxicos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A liberação dos defensivos agrícolas foi publicada nesta terça-feira (21/05) no Diário Oficial da União.

Alguns pedidos de liberação estavam em análise desde 2011. Com as últimas autorizações, nos primeiros meses de governo, o ministério da Agricultura já deferiu o registro de 169 agrotóxicos. Esses processos de autorização já tramitavam desde o ano passado.

Entre os 31 novos agrotóxicos aprovados, 29 são substâncias equivalentes a já liberadas no Brasil. Três delas são do glifosato, apontado como causador de câncer, de acordo com decisão de primeira instância da Justiça da Califórnia (EUA).

O número de agrotóxicos liberados no Brasil vem aumentando nos últimos anos. Em 2015, foram 139 e, em 2018, 450. O processo de avaliação de novos produtos pode chegar a até cinco anos e passa por análises da Anvisa, Ibama e do próprio Ministério da Agricultura.

O governo brasileiro afirma que a rapidez na liberação de novos registros foi alcançada graças a medidas desburocratizantes implementadas nos últimos anos.

Segundo a Associação Brasileira de Saúde Coletiva, o Brasil é o maior mercado de agrotóxicos do mundo. Entre 2009 e 2017, a quantidade de defensivos agrícolas comercializados no país quase dobrou, alcançando cerca de 540 mil toneladas.

Entre os produtos mais vendidos estão agrotóxicos que foram proibidos na União Europeia devido à alta toxicidade, como o herbicida Paraquat e inseticida Acefato.


Bayer é condenada por glifosato

A Bayer foi condenada em março passado por um júri nos Estados Unidos a pagar mais de US$ 80 milhões em danos a um morador do estado da Califórnia, que alega que o herbicida Roundup, produzido pela Monsanto, contribuiu para que ele desenvolvesse câncer.

O caso pode influenciar milhares de outros processos contra a companhia nos EUA. Adquirida pela Bayer em 2018 por US$ 63 bilhões, a Monsanto enfrenta 11.200 casos similares na Justiça norte-americana envolvendo o Roundup.

O júri ordenou que a Bayer pague a Edwin Hardeman, de 70 anos, uma quantia de US$ 5 milhões em compensações, US$ 75 milhões como punição e US$ 200 mil por despesas médicas depois de concluir que o Roundup foi fabricado defeituosamente, que a Monsanto não fez advertências sobre o risco apresentado pelo herbicida e que a companhia agiu de forma negligente.

Ao longo de anos, Hardeman usou produtos da marca para tratar carvalhos envenenados, ervas e outras plantas em sua propriedade em San Francisco. Segundo ele, o uso do produto levou ao desenvolvimento de um linfoma não-Hodgkin, um tipo de câncer que afeta as células do sistema imunológico.

O principal ingrediente da marca é o herbicida glifosato, amplamente utilizado ao redor do planeta, apesar de ter sido classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “provavelmente cancerígeno” em 2015.

Em uma primeira fase do julgamento, o mesmo júri havia concluído que o Roundup foi um “fator substancial” entre as causas do câncer de Hardeman. Na segunda fase, as advogadas do californiano apresentaram documentos internos que, segundo elas, provam o esforço da empresa para influenciar cientistas e órgãos reguladores sobre a suposta segurança do produto. (Com agências internacionais)