Reforma política torna-se mentira quando o Senado concorda com o aumento do mínimo por decreto

Sinal vermelho – Há no Congresso Nacional uma dicotomia que atropela a sociedade sem que ela perceba o tamanho do estrago. Na terça-feira (22), com o costumeiro alarde, o Senado Federal instalou uma omissão que tem como tarefa discutir e preparar um pré-projeto da reforma política que há quase duas décadas dormita no campo da promessa. É difícil imaginar que verdadeiros déspotas travestidos de democratas queiram qualquer tipo de mudança no status quo que lhes rendem poder, fama e muito dinheiro. Na verdade, o que se pretende é, ludibriando mais uma vez a opinião pública, mudar as regras eleitorais, dificultando o acesso ao mundo da política daqueles que não gravitam na cúpula dos partidos.

Enquanto o povo brasileiro novamente acredita que essa aludida reforma pode resultar em algo positivo, o Senado dará nesta quarta-feira (23) um passo rumo ao totalitarismo. A base de sustentação do governo da presidente Dilma Rousseff deve aprovar com facilidade o projeto que estabelece o novo valor do salário mínimo, fixado pelo Palácio do Planalto em irrisórios R$ 545. Líder do governo na Casa, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) já anunciou que o texto enviado pelo Planalto não sofrerá qualquer mudança. Até mesmo o senador Paulo Paim (PT-RS), que pretendia apresentar emenda alterando o valor do mínimo, foi pressionado pelo partido para desistir da ideia.

Mas o perigo maior não está apenas no pífio reajuste concedido ao salário que atende a quase 50 milhões de brasileiros, mas na genuflexão da maioria dos senadores, que concordou em aprovar também o dispositivo que dá à neopetista Dilma o direito de aumentar o salário mínimo até 2014 por meio de decreto presidencial. Esse é o tipo de concordância burra e criminosa quando se trata de um sistema supostamente democrático, que em nenhum momento combina com o discurso de reforma política que está em pauta.

Se o brasileiro não reagir prontamente, dando um basta ao clube de negócios em que se transformou o Congresso Nacional, permitindo ao poder Executivo fazer o que bem quiser, o Brasil ingressará em um caminho sem volta que leva à ditadura civil.