Perderam o juízo – Para manter seu projeto de reeleição, a presidente Dilma Rousseff terá de abandonar de vez o discurso que fez em 2010, garantindo que a equipe de governo teria caráter eminentemente técnico. Como o Mensalão do PT já tinha sido substituído pelo loteamento político da Esplanada dos Ministérios, Dilma não teve outra saída que não dar continuidade ao esquema monta por Lula, que lhe garantiu apoio no Congresso Nacional.
Com a eleição do companheiro Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, Dilma terá de abrir espaço em seu governo para acomodar os que apoiaram o candidato imposto por Lula. Um dos que se bandearam para o lado de Haddad e que continuará sendo beneficiado é Gilberto Kassab, ex-prefeito paulistano e presidente nacional do PSD. Na administração da capital dos paulistas, o grupo de Kassab ficou com o setor de turismo. Um negócio considerável, se considerado o fato de que, além dos eventos habituais, em 2014 a cidade será palco de jogos da Copa do Mundo da FIFA.
Gilberto Kassab, que migrou para a base de apoio ao Palácio do Planalto, já conseguiu da presidente um ministério para o seu PSD. A pasta da Micro e Pequena Empresa, que anteriormente foi oferecida à empresária Luiza Trajano (Magazine Luiza), em breve será comandada por Guilherme Afif Domingos, vice-governador de São Paulo e até então aliado de Geraldo Alckmin. Ou seja, Kassab e Lula se uniram para dar uma rasteira no PSDB e em Alckmin.
De acordo com o jornalista Claudio Humberto, Kassab pode abocanhar também a Secretaria de Aviação Civil, que comanda a ANAC e a Infraero. Em outras palavras, Dilma já não se recorda da promessa que fez sobre a qualificação técnica dos assessores.
Os integrantes do PSD por certo dirão que alguém com conhecimento do setor assumirá a tal secretaria, mas se, enquanto prefeito da maior cidade brasileira, Gilberto Kassab não teve pulso para impedir a construção de um bordel vertical na cabeceira do Aeroporto de Congonhas, o que colaborou sobremaneira para o trágico acidente com o avião da TAM, não será agora que ele encontrará um aliado da sua legenda que entenda de aviação.
Kassab, que é engenheiro e tem por obrigação profissional saber que o tal bordel atrapalha pousos e decolagens, deveria estar entre os acusados pelo maior acidente aéreo da aviação civil brasileira, mas as autoridades preferiram não enxergar o óbvio, culpando os pilotos da aeronave, mortos no acidente, e pinçando alguns inocentes para dar veracidade à farsa que foi desenhada na Casa Civil por ocasião dos fatos. É o caso de Denise Abreu, ex-diretora jurídica da ANAC, acusada de ter autorizado a liberação da pista do Aeroporto de Congonhas, assunto que é de total responsabilidade da Infraero, ou seja, do governo federal.
Se de fato a Secretaria de Aviação Civil ciar no colo de Gilberto Kassab, a presidente Dilma estará fazendo o mesmo que colocar um tocador de pandeiro no comando de um submarino nuclear. Enfim…
Leia abaixo trecho da matéria que explica os danos provocados pelo bordel à beira de Congonhas à aviação brasileira ou clique para conferir a íntegra
Qualquer pessoa, mesmo sem conhecimento sobre aviação, sabe que uma aeronave, quanto maior e mais pesada, precisa de espaço para pousar. Ou seja, em pistas longas pousam grandes e pesadas aeronaves. Pois bem, a pista do aeroporto de Congonhas, que passava por reformas e não estava completamente pronta, foi tecnicamente encurtada por causa de um prédio construído ilegalmente em uma das cabeceiras.
Para que a extensão da pista possa ser utilizada em sua totalidade, seja em condições normais ou de emergência, durante a aproximação da aeronave nada pode existir no meio do caminho que atrapalhe esse procedimento. Caso contrário, a pista encurtará tecnicamente, pois pousar não arremessar uma aeronave no solo.
No caminho do Airbus da TAM, assim como de tantas outras aeronaves, tinha um prédio onde funcionava, sem alvará, uma casa de prostituição de luxo, o “Bahamas”. Como a construção era ilegal, a prefeitura de São Paulo se apressou e arrumou uma forma de escapar da culpa. Para complicar o cenário, a reforma da pista, que é de responsabilidade da Infraero, colaborou sobremaneira para o acidente.
Considerando que a Infraero é um órgão federal e os temas da aviação civil são decididos também no Palácio do Planalto, Lula também tratou de escapar da culpa. E nos bastidores o jogo foi sujo e covarde para que o Planalto ficasse de fora das investigações. E fazemos tal afirmação com plena convicção, sem medo de errar, pois na imprensa brasileira poucos são os profissionais que conhecem a fundo os bastidores do maior acidente aéreo da aviação brasileira como o editor do ucho.info.
Legalmente o hotel não poderia ter sido construído naquele local por causa da interferência do barulho das aeronaves, mas a verdade é que atrapalha o procedimento de aproximação e tecnicamente encurta a pista e aumenta o risco de acidente. Em dia de chuva, qualquer pouso de um Airbus ou Boeing 737, por exemplo, a aeronave escorrega mais ou menos. Quanto menor for a pista, mesmo que tecnicamente, maiores são as dificuldades para frear a aeronave.
Um trágico acidente sem culpados não existe. Era preciso, então, arrumar um culpado. A primeira solução, covarde, foi despejar sobre o piloto e o co-piloto do Airbus a culpa pelo acidente. Afinal, eles estavam mortos e não reclamariam. Como isso foi insuficiente para convencer a opinião pública e as autoridades envolvidas na investigação, a culpa precisava ser personificada. Foi quando entrou em cena a então diretora jurídica da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Denise Abreu, que foi incluída no rol dos culpados de forma também covarde.
A alegação apresentada é que Denise Abreu havia liberado a pista do aeroporto de Congonhas, cujas ranhuras no solo que garantem o atrito com os pneus das aeronaves não estavam concluídas. E com a chuva a pista de Congonhas, tecnicamente mais curta, ficou como um piso ensaboado. É inimaginável, até mesmo no reino dos absurdos, que a diretora jurídica de uma agência reguladora, como é a Anac, tenha competência e poder para liberar uma pista, responsabilidade que cabe à Infraero. Denise Abreu é inocente, mas os covardes lhe impingiram a fantasia da culpa.
A tropa de choque montada para tirar o governo federal da culpa pelo trágico acidente atuou sem limites e intimidou muita gente. E mesmo que menos numerosa, continua agindo até hoje. No processo judicial do caso, há absurdos inimagináveis que desrespeitam o ordenamento jurídico e processual.
Não custa reforçar que o ucho.info não faz jornalismo de encomenda, não é balcão de negócios, não defende culpado ou corrupto por dinheiro algum. Apenas cumprimos o papel que nos cabe, o de revelar os fatos como realmente são, unindo-os quando necessário e levando o leitor à reflexão sobre a realidade de um país que caminha na direção da ilógica e do desmando, apenas porque está em marcha um projeto totalitarista de poder.