Turma obediente – A ordem de Dilma Rousseff para blindar Lula está sendo cumprida à risca, como se o Brasil fosse uma ditadura de direito, pois de fato já é há muito tempo. Depois de Gilberto Carvalho afirmar tratar-se de uma “indignidade” vincular Lula ao Mensalão do PT, foi a vez do ministro José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça, desqualificar Marcos Valério.
Cardozo disse que as acusações de Valério se deram sem qualquer tipo de prova. “Do ponto de vista jurídico, isoladamente, esse depoimento não tem nenhum significado”, afirmou o ministro.
Como advogado que é, José Eduardo Cardozo sabem muito bem que uma denúncia como a de Marcos Valério obriga do Ministério Público Federal abrir investigação, sob pena de não cumprir o que determina a legislação vigente incorrer no crime de prevaricação.
O ministro da Justiça acusou a oposição de se aproveitar politicamente da situação. “É natural que o debate se coloque por setores da oposição, que até agora não tem um discurso muito claro em relação a propostas para o País”, disse. “Ao se utilizar disso, (a oposição) tenta exercitar sua retórica política, nada mais”, destacou.
Resumindo, na opinião de José Eduardo Cardozo qualquer investigação de ilicitudes cometidas pelo PT e por Lula é oportunismo político, como se o partido fosse um reunião de bondosos monges tibetanos.
Outro obediente e genuflexo do PT que acatou as ordens de Dilma foi o presidente nacional do PT, Rui Falcão, que conclamou a militância para sair em defesa de Lula, não sem antes culpar a imprensa e o Ministério Público pelas lambanças cometidas pelo ex-metalúrgico.
“Eu conclamo toda a nossa militância, nossos parlamentares e nossos governadores a expressarem a sua indignação diante de mais esse ataque, essa sucessão de mentiras envelhecidas que a mídia conservadora, com setores do Ministério Público, insiste em continuar veiculando. Eu deixo aqui a solidariedade do PT ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e dizer que, ao mesmo tempo, repelimos essa campanha de calúnia que está sendo veiculada na mídia”, declarou Rui Falcão.
Mas a armação não para por aí. Líder do PT na Câmara dos Deputados, Jilmar Tatto apresentou e aprovou, nesta quarta-feira (12), requerimento para que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso seja convidado a esclarecer, na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, “informações contraditórias sobre documento relativo a doações a agentes políticos que teriam sido levadas a efeito por Furnas”. Trata-se da polêmica Lista de Furnas, que veio à tona durante o escândalo do Mensalão do PT e que trazia supostas doações ilegais de Furnas a diversos políticos do PSDB.
Caso Jilmar Tatto insista no tema, o PT e Lula podem se complicar ainda mais, pois é sabido que a tal Lista de Furnas seria um tiro no pé no partido do governo, uma vez que a veracidade da documentação, produzida como antídoto ao Mensalão, é absolutamente questionável.
Vale lembrar que a denúncia sobre a lista foi rejeitada pela Justiça, ao mesmo tempo em que o Ministério Público não acolheu a acusação por falta de investigação. A principal falha apontada pelo MP é a relação nada ortodoxa entre o denunciante, o falsário Nilton Monteiro, e o Partido dos Trabalhadores. Algo muito semelhante ao escândalo do Dossiê Cuiabá, que deu em nada, mesmo com o fato de alguns petistas terem sido presos com mais de R$ 1,7 milhão em dinheiro.
Confira abaixo a estória da Lista de Furnas