Sob pressão – Encerrado o leilão do Campo de Libra, evento realizado na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, o consórcio vencedor, que apresentou a única proposta é formado por Petrobras (10%), Shell (20%), Total (20%), CNPC (10%) e CNOOC (10%).
A oferta vitoriosa teve como base o limite mínimo de repasse à União de óleo explorado, fixado em 41,65%. Como antecipou o jornal “O Globo”, o leilão do Campo de Libra teria apenas um interessado, o que é maléfico ao País em função da falta de concorrência.
A privatização, mesmo que um dia tenha recheado o discurso oposicionista do PT, é necessária, mas ocorre no momento de fragilidade financeira da Petrobras, que por determinação legal tem 30% de participação obrigatória no consórcio vencedor, além dos 10% anunciados no leilão. Ou seja, a Petrobras é majoritária no consórcio, com 40% de participação, sendo que a empresa já questiona essa regra para os próximos leilões.
A petroleira verde-loura encontra dificuldades para cumprir seu cronograma de investimentos, fixado em US$ 236 bilhões, por isso quer que no próximo leilão do pré-sal sua participação seja opcional. Em outras palavras, a fracassada política econômica dos governos do PT conseguiu transformar um “privilégio” em “peso”.
A participação adicional da Petrobras (10%) no consórcio vencedor e único interessado foi uma jogada política imposta pelo Palácio do Planalto, uma vez que os 40% de participação total da empresa no grupo permitirão aos palacianos, em especial à presidente Dilma Rousseff, manter no ar o discurso populista do “O Petróleo é Nosso”.
É importante lembrar que o resultado desse leilão será utilizado à exaustão pelo governo federal para camuflar a grave situação financeira da Petrobras, que em 2010 foi beneficiada por um processo de capitalização, por parte do governo, no valor de R$ 45 bilhões. O dinheiro serviu para equilibrar a situação fiscal da petroleira. À época, a Petrobras devia aproximadamente R$ 94 bilhões. Contudo, três anos se passaram e a Petrobras tem hoje dívidas na casa de R$ 200 bilhões, o que mostra que no período o endividamento dobrou.
De acordo com relatório divulgado recentemente pelo Bank of America Merril Lynch, a Petrobras é a empresa mais endividada do planeta. “A dívida da Petrobrás cresceu rapidamente com a empresa implementando um ambicioso programa de investimento de US$ 237 bilhões para o crescimento de sua produção offshore”, destaca o documento. Tal afirmação enfoca exatamente a necessidade de caixa cada vez maior da petroleira para investimentos em produção oceânica, como o que acaba de assumir no leilão do Campo de Libra.
A questão do endividamento deixa de ser um problema sério quando a empresa tem capacidade de gerar caixa (Ebitda – Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization), o que não vem ocorrendo com a pujança necessária por dois fatores distintos. O primeiro deles é a falta de capacidade de investimento em produção, o que garantiria geração de caixa. O segundo é a sangria que o governo faz no caixa da estatal com o congelamento dos preços dos combustíveis, obrigando a empresa a importar o produto e vendê-lo no mercado interno por preço subsidiado. Isso porque milagroso do PT continua fingindo que tem a inflação sob controle.
Um novo processo de capitalização será necessário à Petrobras em 2014, assunto que só será decidido depois das eleições. Do contrário, a empresa enfrentará sérios problemas financeiros e de investimento.