Discutir medidas anticorrupção em Parlamento frequentado por corruptos é enxugar gelo

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Exigir coerência da classe política é tarefa hercúlea, talvez seja missão impossível. Mesmo assim, o brasileiro precisa rebater a desfaçatez dos políticos, que na esteira do oportunismo conseguem abusar do falso moralismo. O que não é novidade no País que foi transformado em uma enorme barafunda a céu aberto.

O projeto que trata das 10 medidas contra a corrupção é uma abstração, pois já há lei que pune esse tipo de crime. Por isso é desnecessária a feitura de nova lei, a qual será descumprida cedo ou tarde. Se a lei já existente é simplesmente ignorada, como já provou a Operação Lava-Jato de maneira clara e inconteste, não será uma nova norma que conterá essa chaga que devora a dignidade da nação. É preciso que a lei seja cumprida ao pé da letra, com a aplicação das devidas punições aos transgressores.

O mais interessante nessa epopeia em que se transformou o projeto proposto pelo Ministério Público ao Legislativo federal é que no Congresso ninguém tem moral para relatar a matéria, principalmente por conta da criminalização do malfadado caixa 2. Não há na política nacional que tenha escapado do caixa 2. Por isso não se pode confiar no projeto em questão, pois o mesmo será mais um faz de conta a enganar a opinião pública.

Para provar a tese que há muito é defendida pelo UCHO.INFO basta afinar a sintonia na órbita do projeto que trata das 10 medidas contra a corrupção. O relator da matéria, deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS), disse, no programa Roda Viva (TV Cultura), que desconhece a empreiteira Coesa Engenharia e eventuais representantes da mesma.


Controlada pela OAS, uma das empreiteiras do Petrolão, a Coesa doou, em 2010, R$ 50 mil para a campanha de Lorenzoni à Câmara dos Deputados.

De acordo com investigações do Ministério Público Federal, a Coesa repassou a algumas empresas ligadas ao doleiro Alberto Youssef dinheiro de propina decorrente de contratos com a Petrobras. Em dezembro de 2015, representantes da Coesa foram presos durante a Operação Vidas Secas, que apurava irregularidades nas quase intermináveis obras da transposição do Rio São Francisco.

Onyx Lorenzoni não negou e nem confirmou o repasse de dinheiro da Coesa à sua campanha, mas disse que isso pode ter ocorrido por intermédio do partido ao qual é filiado, o Democratas. O parlamentar disse estar absolutamente tranquilo em relação ao assunto.

Não se trata de duvidar da idoneidade desse ou daquele político, mas nos dias atuais está cada vez mais difícil elevar algum parlamentar ao Limpo da honestidade. Para defender o implacável combate à corrupção, que no Brasil infelizmente tornou-se sistêmica, é preciso agarrar-se ao velho dito popular acerca da mulher de César, Pompeia Sula, a quem não basta ser honesta, mas aparecer como tal. E candidate-se quem for capaz!

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