Números mentirosos – Eleita como ciência exata pelo fato de lidar com números, a estatística considera como morna a pessoa que está co a cabeça no congelador e os pés na fogueira, ou vice-versa, mas não leva em conta que a essa altura o incauto pode está morto. Assim ocorre na análise dos dados econômicos, muitos dos quais a anos-luz da realidade enfrentada pelos cidadãos na carestia do cotidiano.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o Índice do Custo de Vida na cidade de São Paulo recuou 0,04% em maio, gerando uma queda de 0,76 pontos percentuais em relação à variação de abril, que ficou na casa de 0,80%.
Segundo estudo do Dieese, a queda da inflação na capital paulista contou com dois fatores: transporte, que recuou 1,33%, e equipamento doméstico, com registro negativo de 0,21%. Ambos os setores contribuíram com menos 0,23 pontos percentuais no cálculo da inflação em maio.
Considerando que a pesquisa analisa de forma pontual o cenário econômico, não custa lembrar que a participação do transporte público (cada vez pior) no cálculo da inflação tem como contraponto o aumento na venda de automóveis. Prova maior é o impressionante volume de carros nas ruas e avenidas paulistanas, palco de congestionamentos quase contínuos. Fora isso, a indústria automobilística há muito vem registrando recordes de vendas. No âmbito dos equipamentos domésticos, a enxurrada de produtos importados tem ajudado na redução de preços, ao mesmo tempo em que contribui para a eliminação de postos de trabalho.
Para mostrar que as pesquisas são mentirosas, a reportagem do ucho.info foi mais uma vez ao Ceageso, na capital dos paulistas. No último final de semana, nossos repórteres deixaram de lado a pesquisa de preços e decidiram ouvir os profissionais que trabalham na maior central de distribuição de hortifrutigranjeiros da América Latina. Diferentemente do que anunciam as pesquisas, a chiadeira é geral. Um carregador de frutas, que trabalha nos setores do atacado e do varejo, foi enfático ao dizer que o recuo da inflação é mero instrumento de retórica do Palácio do Planalto. Trata-se da declaração de um representante do povo, que diuturnamente encara uma realidade bem diferente daquela vendida pelo governo da neopetista Dilma Rousseff.