Juiz da Lava-Jato dá prazo para empreiteiras explicarem depósitos; advogados falam em leniência

algemas_09Cronômetro acionado – O juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, e a Polícia Federal deram prazo de cinco dias para as empreiteiras explicarem os milionários depósitos nas contas do doleiro Alberto Youssef, preso em março na esteira da Operação Lava-Jato. Todos os depósitos foram feitos nas contas bancárias de empresas de fachada que integravam o esquema criado pelo falecido José Janene e depois assumido por Youssef.

Os contratos com a Petrobras surgiam de licitações direcionadas e as empreiteiras eram previamente escolhidas para cuidar das obras da estatal. Tudo acontecia à sombra de um esquema criminoso, que ao final separava 3% do valor de cada obra para abastecer os cofres dos partidos políticos e os bolsos dos seus dirigentes. Entre as legendas citadas como beneficiárias do esquema bandoleiro estão o Partido dos Trabalhadores, o PMDB e o Partido Progressista.

Pelo menos doze empreiteiras foram acusadas de participar da ciranda de corrupção que funcionava a partir de algumas diretorias da Petrobras. Dentre elas, sete grandes: Odebrecht, Camargo Correa, UTC, Andrade Gutierrez, Iesa, Engevix e Mendes Jr.

Entre as empresas que correm contra o relógio por causa da determinação do juiz Moro estão a Mendes Júnior, Engevix, OAS e Galvão Engenharia, além da Jaraguá Equipamentos Industriais. Para a Polícia Federal, pelo menos duas empresas envolvidas no esquema criminoso podem ser de propriedade do doleiro Alberto Youssef: Piemonte Empreendimentos e Treviso Empreendimentos. Considerando que, como atesta a sabedoria popular, o lobo perde o pelo, mas não o vício, um ex-ministro do governo Collor, Pedro Paulo Leoni Ramos, também aparece no imbróglio por meio da empresa Investminas Participações. Todas as empresas mencionadas nesse parágrafo são responsáveis por R$ 33,5 milhões em depósitos nada ortodoxos.

Das empresas que receberam depósitos das empreiteiras constam a MO Consultoria e a GFD Investimentos, ambas controladas pelo doleiro. Uma terceira empresa que integrava o esquema estranhamente não aparece entre as destinatárias dos depósitos ilegais. Trata-se da CSA Project Finance, que no começo das operações funcionava como quartel-general de José Janene e sua turba. Certa feita, durante reunião na CSA, Janene perguntou a um dos seus estafetas de luxo: “O cheque da Queiroz Galvão já compensou?”.

Aliás, o PP, partido que está atolado no caso da Operação Lava-Jato, deve despejar a culpa pelos ilícitos nas costas de Janene, falecido em 2010 por conta de cardiopatia grave. Uma estratégia marota, até porque morto não fala, mas é preciso saber se a família do “Xeique do Mensalão” aceitará calada essa desculpa esfarrapada. Afinal, o entourage de Janene sempre foi conhecido pelas ações pouco diplomáticas, porque não dizer truculentas. Em outras palavras, o desfecho dessa epopeia criminosa será de fazer inveja a Odete Roitman.

Cientes de que não terão como escapar de algum tipo de punição, as empreiteiras, que desde o começo da operação sabiam das ilicitudes do esquema, contrataram os principais criminalistas do País para defendê-las. Todos esses profissionais do Direito estão sob a batuta de um renomado escritório de advocacia de São Paulo e devem aderir à tese da leniência, como antecipou o ucho.info em recente matéria. Resumindo, os criminalistas esperam convencer a Justiça de que seus clientes foram tolerantes com o ilícito.

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