Obama quer aproveitar visita de Dilma Rousseff para fazer acordo sobre o clima

barack_obama_89 (larry downing - reuters)Cachimbo da paz – No dia 30 de junho, quando a presidente Dilma Rousseff fizer visita oficial a Washington, a Casa Branca pretende colocar o combate à mudança climática como um dos pontos principais da pauta a ser discutida entre a mandatária brasileira e o presidente norte-americano. O objetivo é conseguir uma declaração conjunta que evidencie o compromisso dos dois países com o sucesso da Conferência do Clima, a COP-21, em Paris.

O eventual acordo seria uma maneira de alinhar o encontro com as prioridades de Barack Obama e o legado que busca construir antes de deixar a presidência, em 2017. A questão ambiental ocupa uma preocupação crescente para o presidente dos Estados Unidos.

Em novembro do ano passado, Obama fechou um pacto de redução de emissões com a China, que ao lado dos EUA divide a liderança dos maiores poluidores do planeta. Os Estados Unidos prometeram reduzir as emissões entre 26% e 28% até 2025, tendo como referência os patamares de 2005. A China assumiu o compromisso de aumentar para 20% a participação de fontes não fósseis em sua matriz energética e começar a diminuir as emissões em 2030.

Agora, o objetivo da Casa Branca é buscar um anúncio de impacto com o Brasil. Com a credencial de ter uma matriz energética relativamente “limpa” e ser visto como um líder nessa área, o Brasil seria um parceiro natural para uma forte declaração que dê impulso às negociações de Paris.

Ainda não é certeza que os dois lados chegarão a um acordo, porém há disposição de ambas as partes. Uma autoridade que acompanha as negociações do lado brasileiro observou que as emissões do país estão em queda e, mesmo que não haja anúncio de cortes, essa fonte observou que há uma série de medidas que podem integrar um memorando sobre clima.

O documento assinado com a China ainda prevê a cooperação tecnológica no desenvolvimento de energias limpas e aumento da eficiência energética, além do compromisso com redução de emissões e ampliação de fontes não fósseis. Entre as iniciativas concretas, está a construção de um grande centro de estocagem de carbono na China e um projeto-piloto de produção de água por meio da injeção de CO2 em aquíferos salinos de grande profundidade.

O Brasil tem interesse em tecnologia e em financiamento. O país ainda não definiu as chamadas Contribuições Nacionais Determinadas, que são as metas que apresentará para Paris, e não está claro se isso ocorrerá antes da visita de Dilma.

Ernest Moniz, secretário de Energia de Obama, afirmou ter recebido indicações de que a presidente Dilma está “bastante comprometida” com as negociações internacionais sobre mudança climática. Moniz ressaltou que um dos problemas causados pelo aquecimento global é a ameaça às fontes de água. Com sua dependência de hidrelétricas, o Brasil estaria especialmente vulnerável a esse risco, que levaria à necessidade de desenvolvimento de outras formas pouco poluentes de eletricidade. Moniz também afirmou que os dois países já colaboram na produção de biocombustíveis de nova geração e podem ampliar a cooperação em relação a outras fontes limpas.

Apesar disso, Brasil e Estados Unidos têm divergências na negociação de Paris. Entre elas, está o caráter da COP. O Brasil defende que a convenção tenha caráter vinculante, o que não é aceito pelos americanos. Isso exigiria a aprovação da convenção pelo Congresso americano, que costuma se opor a tratados de jurisdição internacional. (Por Danielle Cabral Távora)

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