Operação fracassada para libertar Gaievski, ex-assessor pedófilo de Gleisi, teria utilizado caixa 2

Cerco fechando – A Polícia Civil e o Ministério Público do Paraná investigam a origem de grande quantia em dinheiro, cerca de R$ 600 mil, levantada para financiar uma grande operação cujo objetivo era tentar livrar da cadeia Eduardo Gaievski, ex-assessor pedófilo da ainda ministra Gleisi Hoffmann (PT) e acusado de 40 crimes sexuais, entre eles 26 estupros.

A operação começou a ser identificada a partir da prisão do filho do ex-assessor de Gleisi, André Willian Gaievski. Junto com o filho de Gaievski foi preso o secretário de Administração da prefeitura petista de Realeza, Fernandes da Silva Borges. Os irmãos do pedófilo, Edmundo e Francisco, também tiveram sua prisão decretada por envolvimento na compra de testemunhas, mas continuam foragidos.

André Gaievski e Borges foram presos na companhia das mães de duas vítimas do monstro da Casa Civil e estavam a caminho de um cartório na cidade de Francisco Beltrão, onde registrariam depoimentos inocentando o pedófilo. A polícia encontrou em poder das mulheres R$ 1 mil em dinheiro vivo.

Investigações e interrogatórios posteriores revelaram que a quantia era apenas um sinal, pois, de acordo com o prometido, as vítimas e suas responsáveis ganhariam quantias mensais ao longo do período em que o pedófilo fosse julgado e, por ocasião da soltura do mesmo, receberiam como recompensa um valor em dinheiro substancial. Para conseguir reverter o depoimento de todas as vítimas, parentes e aliados políticos do delinquente sexual podem ter mobilizado recursos de até R$ 600 mil. Os investigadores estão empenhados em descobrir a origem desse dinheiro.

Desde que foi preso, Eduardo Gaievski tem enviado diversos recados para o PT. Exigia, até recentemente, apoio e suporte jurídico equivalentes aos proporcionados pelo partido aos mensaleiros e à namorada de Lula, Rose Noronha. Do contrário, ameaçava revelar o que sabe sobre os bastidores do Partido dos Trabalhadores.

A hipótese de vir a ser morto na cadeia também frequentava os temores de Gaievski que, mais de uma vez, mandou avisos ao PT de que havia tomado providências para não se transformar em um segundo Celso Daniel, em clara referência ao prefeito de Santo André, morto em 2002. Celso Daniel estaria envolvido em nebulosa operação para reunir fundos, a partir da cobrança de propinas, para os cofres da campanha presidencial de Luiz Inácio da Silva.

Eduardo Gaievski foi prefeito de Realeza, pequena cidade no Sudoeste do Paraná, por dois mandatos. Elegeu o sucessor, também petista, e era uma estrela em ascensão dentro do PT paranaense. Em janeiro deste ano, foi levado pela ainda ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para Brasília na condição de assessor especial e com a incumbência de comandar políticas relativas a menores, como programas de combate ao crack e construção de creches. Também coordenou o programa “Mais Médicos”. Em agosto, teve sua prisão decretada pela prática de 40 crimes sexuais, entre eles 26 estupros de menores (17 deles contra vulneráveis, menores de 14 anos), favorecimento à prostituição e crimes de responsabilidade (uso de nomeação em cargos públicos para obter sexo e de utilização de veículos oficiais para a prática de estupros).