Para escapar do naufrágio, primeiro petroleiro da era Lula precisará de reparos em estaleiro internacional

Homem ao mar – Em 19 de setembro passado, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva abusou da gazeta ao discursar durante palestra preferida no estaleiro Mauá, no Rio de Janeiro. Na ocasião, Lula, que foi homenageado pelo setor, disparou: “Até 2002 os estaleiros estavam com teias de aranha. Não foi por acaso que resolvi investir na construção de navios e plataformas no Brasil e hoje o resultado está à vista de todos”.

O palavrório de Lula na direção da indústria naval brasileira é conhecido desde o seu primeiro mandato, quando o ex-metalúrgico ainda flanava no messianismo fraudulento que o arremessou no Palácio do Planalto.

Pouco mais de um ano antes, mais precisamente em 10 de maio de 2010, Lula fizera outra declaração ufanista na direção da indústria naval verde-loura. No programa radiofônico “Café com o Presidente”, o petista não se incomodou ao dizer “Nós estamos construindo uma poderosa estrutura para termos uma poderosa indústria naval neste país. Nós queremos ser exportador de sondas, de plataformas e de navios”.

Voltando aos dias atuais, as profecias de Lula para o setor parecem ter encontrado um considerável problema. Utilizado na campanha presidencial de Dilma Rousseff como trunfo de seu mentor eleitoral, o petroleiro João Cândido agora tira o sono dos palacianos. Encalhado no porto de Suape desde agosto deste ano, a embarcação, que tem problemas de solda, não será entregue no prazo previsto (dezembro). É a terceira vez que a entrega é adiada.

Nos bastidores da Petrobras o que se afirma é o que os reparos não poderão ser feitos no Estaleiro Atlântico Sul, responsável pela construção do navio João Cândido, mas em alguma empresa no exterior. Resta saber quem pagará a custosa conta do reboque do navio até um estaleiro distante da costa brasileira.

O problema do João Cândido não apenas destaca as incongruências que marcam os discursos de Lula, mas evidencia cada vez mais o período político brasileiro em que a mitomania oficial dividiu espaço com a corrupção desenfreada.