Senador quer ouvir esposas de opositores venezuelanos presos por ordem de Nicolás Maduro

aloysio_ferreira_04Chamando o vizinho – Engana-se quem pensa que o Congresso Nacional é a bomba-relógio que atormenta os atuais inquilinos do palácio do Planalto, começando pela presidente Dilma Rousseff. Enquanto boa parte dos parlamentares da chamada base aliada endurecem o jogo com o governo, impondo à presidente da República derrotas importantes e devastadoras, o Senado Federal trabalha com os olhos voltados para além das fronteiras do Planalto Central. Não se trata do pacto federativo, do pacote de ajuste fiscal ou a renegociação das dívidas de estados e municípios com a União, mas de política internacional.

Na tarde de terça-feira (31), enquanto o País acompanhava a crise político-institucional que chacoalha o governo federal, a Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado aprovou requerimento para que as esposas de dois presos políticos na Venezuela sejam ouvidas pelo colegiado. A iniciativa é do presidente da CRE, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).

O convite da CRE será destinado a Mitzy Capriles de Ledezma, casada com Antonio Ledezma, prefeito de Caracas; e Lilian Tintori de López, esposa de Leopoldo López, um os principais adversários políticos do presidente Nicolás Maduro. Ambos são opositores do regime bolivariano encabeçado por Maduro, sucessor de Hugo Chávez, morto oficialmente em março de 2013 (a morte ocorreu nos primeiros dias de janeiro daquele ano).

Subscrito também pelo vice-presidente da CRE, senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), o requerimento pretende colocar sob os holofotes a grave situação política da Venezuela, que na opinião de Aloysio Nunes viola de forma escancarada os direitos humanos e atropela os direitos dos detidos.

Prefeito de Caracas, Antônio Ledezma foi preso em pleno exercício do mandato, em janeiro passado, por agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional. Para dar ares de suposta legalidade à prisão, o Palácio de Miraflores, sede do Executivo venezuelano, informou que Ledezma liderava uma suposta conspiração para tirar Maduro do poder com o auxílio dos Estados Unidos. Em 24 de fevereiro, em meio a manifestações populares, um jovem de 14 anos foi morto por um tiro disparado pela truculenta polícia bolivariana.

Já Leopoldo López, ex-prefeito do município de Chacao, foi preso em fevereiro de 2014 acusado de incentivar a violência durante manifestações populares contra o decadente governo de Nicolás Maduro. À época, vários protestos paralisaram o país sul-americano, no rastro de um cenário de caos social, marcado por sérias restrições na oferta de serviços e produtos básicos de consumo, principalmente alimentos. Na ocasião, 43 mortes foram registradas.

Para Aloysio Nunes Ferreira, o tema deve ser debatido pelo Senado brasileiro, já que, por manobra covarde da presidente Dilma Rousseff, a Venezuela passou a integrar definitivamente, em 2012, o Mercosul. Sob pressão do Palácio do Planalto, o Senado aprovou, em dezembro de 2009, a entrada da Venezuela no bloco econômico sul-americano, que na verdade não passa de um grupelho de defensores da obtusa ideologia comunista.

“Trata-se, sem dúvida, de assunto da maior relevância, sobre cujo debate esta comissão não pode declinar pela importância de sua atribuição regimental e competência nesta Casa”, ponderou o senador do PSDB.

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