Recuo da produção industrial em fevereiro mostra que a economia brasileira está em queda livre

industria_18Despenhadeiro da crise – Em meados de 2005, quando alertou o governo federal para o perigo que representava os primeiros passos de um processo de desindustrialização que avançava no País, o UCHO.INFO foi acusado pelos palacianos de torcer contra o Brasil. Naquela ocasião, a ordem no Palácio do Planalto era centrar esforços na operação que visava tirar o então presidente Luiz Inácio da Silva do olho do furacão em que se transformou, à época, o escândalo do Mensalão do PT.

O tempo passou, a indústria nacional foi covardemente abandonada pelo governo, enquanto Lula incentivava os brasileiros incautos a mergulharem a vala do consumismo, como forma de minimizar os efeitos colaterais da crise internacional, à época chamada de “marolinha” pelo ex-metalúrgico e agora lobista de empreiteira.

Para reforçar a crise que chacoalha o País e derrete o governo incompetente de Dilma Rousseff, a produção industrial brasileira caiu 0,9% em fevereiro na comparação com janeiro, informou nesta quarta-feira (1) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em janeiro, o IBGE registrou aumento de 0,3% no setor, interrompendo dois meses de taxas negativas: -1,2% em novembro e -1,6% em dezembro.

Na comparação com fevereiro do ano passado, a produção da indústria nacional recuou 9,1%, décima segunda taxa negativa consecutiva e a queda mais intensa nessa comparação desde julho de 2009 (-10%).

Somente neste ano (2015), a indústria acumula queda de 7,1%. O acumulado nos últimos doze meses (-4,5%) manteve a trajetória descendente iniciada em março de 2014 (2%), resultado negativo mais intenso desde janeiro de 2010 (-4,8%). A situação da indústria nacional é tão grave, que o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, projeta para este ano recuo de 5% na atividade do setor, além de mais demissões.

Segundo o IBGE, os recuos de fevereiro foram registrados nas quatro grandes categorias econômicas, com destaque para bens de capital (-4,1%), principalmente devido à menor produção de caminhões, ainda afetada pelas férias coletivas em várias unidades. O resultado eliminou parte do avanço de 8,2% registrado em janeiro.

Houve queda de produção em 11 dos 24 ramos pesquisados. As principais influências negativas vieram de veículos automotores, reboques e carrocerias (-1,7%), produtos do fumo (-24%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-4,2%).

Enquanto evita admitir o fracasso da política econômica do seu primeiro governo, Dilma Rousseff insiste em minimizar uma crise que só cresce e tira o sono dos brasileiros de bem, aqueles que não dependem das esmolas oficiais e que engrossam os currais eleitorais do Partido dos Trabalhadores.

O mercado financeiro como um todo reagiu positivamente à fala do ministro Joaquim Levy, da Fazenda, que na terça-feira (31) tentou convencer, durante sete horas, os senadores sobre a importância do pacote de ajuste fiscal, mas não se pode festejar o que ainda está no campo da especulação. Depois da longa audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o máximo que Levy conseguiu foi adiar uma decisão sobre a mudança do indexador das dívidas de estados e municípios como o governo federal.

A aprovação do pacote de ajuste fiscal depende de vontade política, o que no momento e considerada mercadoria em extinção, pelo menos no Congresso Nacional, que está às turras com a presidente da República. Incompetente, truculenta e isolada, Dilma tornou-se refém de dois profissionais da política brasileira: Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, e Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados. Ambos, Calheiros e Cunha, têm imposto ao governo um vexame quase sem fim, pois transformaram Dilma em uma figura meramente decorativa, já que os dois peemedebistas é que têm governado o País.

Deixando de lado a seara política e passando para a realidade do cotidiano, a única luz que a indústria nacional poderia enxergar no fim do túnel é a alta do dólar, mas nem isso é capaz de animar os empresários do setor. Em tese, a desvalorização do real frente à divisa norte-americana deveria facilitar as exportações brasileiras, mas o País sofre com a falta de competitividade. Sem contar as incertezas que rondam o mercado interno, como elevação da carga tributária e alta constante da tarifa de energia elétrica.

Para piorar o que já é ruim, bancos e financeiras estão cautelosos em relação à concessão de crédito ao consumidor. Isso porque os brasileiros que acreditaram em Lula e, de dezembro de 2008 até recentemente, saíram às compras sentem no bolso a peçonha do endividamento recorde e da inadimplência estratosférica. Sem contar o baixo poder de compra dos salários e a alta das taxas de desemprego.

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