Sumiço de crucifixo do gabinete presidencial leva o MP a investigar Lula, FHC, Itamar Franco e Collor

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Finalmente as autoridades acordaram e decidiram abrir processo contra Luiz Inácio da Silva para saber se o agora lobista de empreiteira levou para casa, quando deixou a Presidência da República, algum objeto dos palácios ou que foram doados ao Estado brasileiro na pessoa do chefe do Executivo federal. De chofre a ação foi aberta apenas contra Lula, mas por conta da malfadada tese do “politicamente correto” o Ministério Público Federal decidiu estender a investigação aos ex-presidentes Fernando Collor de Mello, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, “possível apropriação indevida de bens públicos”.

Collor, FHC, Lula e o espólio de Itamar Franco foram intimados e têm até o final deste mês para a apresentação das respectivas defesas, ocasião em que poderão esclarecer eventual apropriação indébita de objetos “entregues por Estados estrangeiros em encontros diplomáticos e outros de natureza pública e institucional” que pertencem “à República Federativa do Brasil”. Ou seja, Em suma, o MP deseja saber se os ex-presidentes se valeram da folclórica “mão leve”.

No início de 2001, o UCHO.INFO publicou matéria denunciando o sumiço do crucifixo que adornava o gabinete presidencial do Palácio do Planalto, logo após a era Lula.

Quando se instalou no Palácio do Planalto, com direito a faixa no peito e outros quetais, Dilma Vana Rousseff, a sucessora do lobista, se deparou com a primeira polêmica de seu governo. A retirada de um crucifixo e de um exemplar da Bíblia que decoravam o gabinete presidencial acabou nas manchetes dos jornais. Tudo muito bem, pois a crença é um assunto pessoal, que recebe da Constituição Federal o manto da livre escolha.

De forma célere, para impedir que a imagem de anti-Cristo conquistada na campanha eleitoral de 2010 voltasse à baila meses depois, a assessoria de imprensa palaciana esclareceu através de nota que o crucifixo pertencia ao ex-presidente Lula e que o exemplar da Bíblia continuava na Presidência.

Na ocasião do entrevero, a jornalista e então ministra Helena Chagas, à época responsável pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, se apressou em esclarecer os fatos no microblog que mantém no Twitter. Afirmou Helena Chagas, como é possível conferir nas imagens abaixo, que “a peça é do ex-presidente Lula e que foi na mudança”. Em outra postagem, a ministra informa que o crucifixo é de origem portuguesa e foi presenteado a Lula por um amigo.

Pois bem, se a nota enviada pela assessoria de Dilma era merecedora de crédito, e a jornalista Helena Chagas também – o UCHO.INFO prefere acreditar que sim -, é importante que alguém do Palácio do Planalto de forma convincente o fato de o tal crucifixo aparecer em foto do então presidente Itamar Franco no mesmo gabinete presidencial.

Os advogados de Lula alegaram que a Lei nº 8.394, de 1991, estabelece que “documentos que constituem o acervo presidencial privado” são “de propriedade do Presidente da República, inclusive para fins de herança, doação ou venda”. Ao final de cada governo, um órgão oficial especializado cataloga, empacota os objetos e os entrega ao ex-presidente para que preserve-os em outro local ou dê aos mesmos a destinação que quiser.

Como não poderia ser diferente, até porque espelhar-se nos antecessores tornou-se uma especialidade petista, os advogados do ex-metalúrgico alegaram na defesa que outros ex-presidentes também levaram para casa – ou para institutos – objetos recebidos ao longo dos mandatos. Com base nessa tese estapafúrdia, mas que funciona como muleta de plantão para os “companheiros”, os defensores do lobista de empreiteira pediram o arquivamento da ação, mas o MP preferiu estender a investigação para todos os que exerceram seus mandatos presidenciais depois de 1991, ano em que a chamada “lei dos arquivos” foi editada.

A decisão do Ministério Público é no mínimo estranha, pois a gatunagem em questão foi praticada por Lula, não por seus antecessores. Como se o petista fosse um ser poderoso e inatingível, capaz de mover montanhas para atender seus próprios interesses, autoridades preferem exalar o olor do medo diante de alguém que não intimida quem quer que seja. Sendo assim, o que se deve fazer, na esteira da ação investigatória, é cobrar a devolução do crucifixo.

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