Dinheiro do Petrolão financiou campanhas de pelo menos cinquenta apaniguados de investigados

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A Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, que desmontou o ousado esquema de corrupção que durante uma década funcionou à vontade na Petrobras, está em cena desde março de 2014, mas pode não ter alcançado toda a rede de envolvidos no desvio de recursos da estatal. Isso porque parte do dinheiro da propina, advinda do superfaturamento de contratos, foi entregue não aos verdadeiros destinatários, mas a prepostos que tiveram campanhas eleitorais financiadas com o produto do crime.

Quem conhece os bastidores da política nacional sabe quem são os barões do Petrolão que se beneficiaram direta e indiretamente do esquema, inclusive com a distribuição de dinheiro para candidatos que lhes interessavam à sombra de um bisonho projeto de poder.

Um dos alvos da Lava-Jato, que há muito é investigado pela força-tarefa da operação da PF, elegeu em seu estado pelo menos vinte candidatos. Contudo, seus tentáculos se espalharam por vários estados, inclusive no Nordeste. Nessa empreitada além das próprias fronteiras políticas, o investigado também conseguiu eleger candidatos em outras unidades da federação.

O esquema montado pelo investigado em questão era tão intrincado, que parte do dinheiro da propina a que “tinha direito” foi recebida por outras vias, começando pela devolução de favores por parte dos eleitos com o dinheiro que escorreu dos cofres da petrolífera nacional. Alguns desses aportes de campanha correram através de entidades filantrópicas, que receberam dos operadores do esquema boas quantias.

Recentemente, durante encontro político, o eleito decidiu repreender o investigado por conta do seu envolvimento no maior escândalo de corrupção da história moderna. O investigado, por sua vez, disse que o interpelante não tinha moral para tanto, pois havia recebido R$ 1,5 milhão do Petrolão.

A conversa parou nesse ponto, pois nenhum dos dois tem estofo para acusações de parta a parte, até porque política é negócio. E como tal exige muito dinheiro, não importando, para muitos, a origem do vil metal.

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