Cuidando do clã –
O deputado Sarney Filho (PV-MA) usou há pouco a tribuna da Câmara dos Deputados para ler uma nota oficial assinada por seu filho, José Adriano Cordeiro Sarney, supostamente envolvido de participar de um esquema de empréstimos consignados no Senado Federal. O parlamentar, que é filho do senador José Sarney (PMDB-AP), usou a primeira pessoa, como se fosse o próprio primogênito, para rebater a notícia publicada na edição do jornal “O Estado de S. Paulo”. O veículo, segundo Sarney Filho, seria a ponta de lança de uma campanha de difamação.
José Adriano é sócio da empresa Sarcris Consultoria, Serviços e Participações, que estaria sendo investigada pela Polícia Federal. A empresa tem autorização de seis instituições financeiras – entre elas o HSBC, Fibra, Daycoval e Caixa Econômica Federal – para operar com a modalidade de crédito consignado.
Na nota oficial, dividida em cinco tópicos, o filho do deputado, que se preocupou em ler o texto com transmissão da Rádio e da TV Câmara, garante que não houve “qualquer favorecimento”, e ameaça processar o jornal. Após a leitura, Sarney Filho observou que “fazer é muito fácil, desmentir é muito difícil, mas para isso existe o Parlamento”.
Veja abaixo a nota oficial do neto de Sarney
A propósito de reportagem publicada na edição de hoje deste jornal (“Neto de Sarney agencia crédito para funcionários do Senado”), esclareço os seguintes pontos:
1. Sou economista e administrador formado na Universidade Americana de Paris, com maîtrise em Economia Internacional pela Universidade de Sorbonne, na França, e curso de Pós-graduação na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Nessa condição, fui gerente no departamento responsável por créditos no HSBC e, posteriormente, pelos conhecimentos na área, decidi atuar nesse mercado;
2. Em 2007 ao estabelecer-me em Brasília, o HSBC resolveu, em função de minha experiência, fazer uma parceria com a empresa da qual sou sócio, a Sarcris, cadastrando-a para cuidar de convênios que mantinha desde 1995 com instituições públicas e empresas privadas, inclusive o Senado Federal (convênio número 52/1995, firmado em 07 de dezembro de 1995);
3. Como dito anteriormente, o HSBC já dispunha de autorização para atuar, ao lado de inúmeras outras empresas, com crédito consignado para servidores públicos, sendo o Senado participação residual insignificante;
4. Ao contrário do que informa a reportagem, a Sarcris tem endereço em Brasília e chegou a ter quinze empregados agenciadores, com carteira assinada. Estabeleceu-se inicialmente no Edifício Multiempresarial e, depois, mudou-se para o Edifício Serra Dourada, no Setor Comercial Sul. Devido à crise financeira mundial e a conseqüente retração do crédito no Brasil, estamos reduzindo nossas atividades e rescindindo (28 de junho) o contrato de aluguel;
5. Em relação à Choice Consultoria, cujo nome consta em infográfico ilustrativo da reportagem (A-4), esclareço que a mesma mantém endereço no Liberty Mall, em Brasília e, ao contrário do que afirma a reportagem, nunca atuou no mercado de crédito consignado.
6. No mais, condeno as insinuações descabidas. Nunca tive qualquer favorecimento, sou profissional qualificado, cuidando da minha vida. Em defesa do meu conceito profissional, informo que, em relação à reportagem, vou adotar as medidas judiciais necessárias.
Atenciosamente,
José Adriano Cordeiro Sarney