Da panela para o motor

Professor propõe que óleo de cozinha seja transformado em biodiesel, o que, além de ser economicamente viável, polui menos –

(*) Ana Carolina Castro

oleo-2A produção de biodiesel a partir de óleos de cozinha usados em frituras é perfeitamente viável e muito benéfica para o meio ambiente. É o que afirma o professor de Engenharia da Produção da Universidade Nove de Julho (Uninove), José Carlos Curvelo Santana.
O óleo de cozinha é descartado, geralmente, nos ralos após o uso. A prática não só danifica o encanamento da residência, mas também é extremamente prejudicial ao meio ambiente. A solução oferecida por Santana é reaproveitar o óleo, transformando-o em biodiesel.
O especialista explica que as famílias brasileiras consomem, em média, entre 1 e 3 litros de óleo por mês. Essa quantidade, se fosse reaproveitada, teria condições de gerar entre 11 e 33 milhões de litros de biodiesel.
O biodiesel é um combustível biodegradável, que pode ser obtido por diferentes processos, a partir de gorduras animais ou de óleos vegetais. Além disso, substitui total ou parcialmente o óleo diesel de petróleo em motores automotivos ou estacionários. A vantagem da utilização do biodiesel é que ele não emite tantos poluentes como os outros combustíveis que existem no mercado.
Considerando o preço médio do litro do combustível (R$ 2,25), o processo poderia trazer um retorno mensal de mais de R$ 70 milhões. Segundo o professor, teríamos “um combustível que não polui tanto quanto os outros que temos no mercado e que ainda é livre de enxofre, não é tóxico, é biodegradável e reduz o aquecimento global”.
A produção de biodiesel permanece mais cara do que a do óleo comum. No entanto, durante o processo de produção, se obtém também a glicerina, subproduto muito utilizado na indústria de produtos fármacos e explosivos.
Segundo Santana, o sistema de reaproveitamento do óleo de cozinha depende da conscientização dos órgãos públicos e também da população. Além disso, é necessária a implantação de um sistema eficiente de coleta desse material.
Se aplicado, o sistema traria ganhos incalculáveis para o meio ambiente segundo o professor, e o biodiesel produzido poderia ser usado nas frotas de ônibus, caminhões e máquinas da prefeitura.
“Como retorno à sociedade, além de um ambiente melhor, a Prefeitura poderia reduzir os impostos, reduzir o preço da passagem dos coletivos ou investir o capital adquirido com a produção do biodiesel e da glicerina no melhoramento da educação, saneamento e saúde pública”, propõe Santana.