Lula muda o texto da Comissão da Verdade e Vannuchi não cumpre ameaça

Só fumaça

paulo_vannuchi_021Quando ameaçou deixar o governo Lula, caso o presidente alterasse o texto do decreto presidencial que criou o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, responsável pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, tinha como objetivo maior mostrar aos companheiros de luta contra a ditadura que não se deixaria intimidar pela pressão dos chefes militares. Hábil o suficiente para não criar uma crise militar no governo, Lula mudou o texto e esvaziou a chamada Comissão da Verdade, mas Vannuchi, como era de esperar, não cumpriu a promessa e continua no cargo. O secretário alegou que a solução consensual extraída do encontro com Nelson Jobim e Lula da Silva foi satisfatória. Mas a realidade e bem diferente e merece ser analisada com calma.

Primeiro é preciso considerar que as verdades da história do País não devem ser sepultadas a esmo. E nesse ponto Paulo Vannuchi mostrou fraqueza ou, então, vem alguma arapuca pela frente. O segundo ponto a ser considerado é a que a matéria depende da aprovação do Congresso, o que mesmo com a folgada maioria do governo pode proporcionar surpresas. Levando-se em conta que 2010 é um ano a ser marcado por eleições, poucos são os políticos capazes de colocar o próprio pescoço na guilhotina e aprovar um documento que entre tantas coisas ressuscita o monstro da censura. Se por um lado o presidente-metalúrgico não quer amargar uma sonora derrota em ano eleitoral, por outro o Palácio do Planalto repele a possibilidade de a isonomia ser a porta de entrada da tal Comissão da Verdade. O que colocaria a ministra-candidata Dilma Rousseff, a outrora companheira Estela (leia-se VAR-Palmares), no olho do furacão.