Brizola Neto usa justificativa prosaica para Câmara homenagear líder do MST

“Baderneiro”

O líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, que se tornou conhecido pelas ocupações de terras e também pela destruição do patrimônio privado, será homenageado na tarde desta quarta-feira (1) pela Câmara dos Deputados. Para o deputado Moreira Mendes (PPS-RO), o líder dos sem-terra não passa de um “baderneiro”. “Para mim e para milhões de brasileiros, esse senhor não passa verdadeiramente de um baderneiro”.

Stédile receberá junto com outras 33 pessoas e entidades a Medalha do Mérito Legislativo, graças à indicação do deputado Brizola Neto (PDT-RJ), que usou no mínimo uma justificativa prosaica. Para a concessão da medalha, a mais importante do Legislativo federal, Brizola Neto disse que a homenagem era pelo “trabalho sindical” e pela luta em favor da reforma agrária, que Stédile desenvolve.

É também uma homenagem ao seu avô, o ex-governador Leonel de Moura Brizola. É que o líder do MST estudou nas escolas brizolistas que o gaúcho implementou no estado. Seriam três mil unidades que além de ensinar, distribuíram cadernos e sapatos para os alunos carentes. Nela também teria estudado o repórter Caco Barcelos, da Rede Globo. Entre os homenageados estão a irmã Rita Cecília Coelho, da Fundação de Assistência Social de Anápolis; Roberto Luiz Leme Klabin, defensor das causas ambientais; e o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Junito Saito.

No site do MST, a medalha ao líder das invasões é avaliada como uma “inversão do senso comum”. Para a diplomacia norte-americana, segundo os documentos vazados pelo website Wikileaks, o MST é um obstáculo para a criação de uma legislação antiterrorista no Brasil.

Na entrevista que concedeu na terça-feira (30) ao “Opera Mundi”, Stédile se defendeu das acusações e ataca os Estados Unidos. “É evidente que as pressões do governo dos EUA, tentando influenciar governos democráticos e progressistas a aderirem à sua sanha paranóica de terrorismo, visa criminalizar e controlar qualquer movimento de massas que lute por seus direitos e que ocasionalmente representem manifestações contra os interesses das empresas estadunidenses”.