Esquema fraudulento leva Alvaro Dias a pedir o fim da Comissão de Orçamento

Fim da farra – Quando estava na oposição, o PT sempre criticou de forma ruidosa e contumaz as transgressões cometidas pelos situacionistas. E o Orçamento Geral da União sempre foi um dos alvos prediletos dos petistas. Para se ter ideia da voracidade dos ataques pretéritos, o agora cassado José Dirceu disse certa vez, durante o julgamento do processo de cassação do então deputado Ricardo Fiúza (PFL-PE), que bastavam evidências, e não provas, para se tirar um mandato parlamentar. Mesmo assim, Fiúza acabou absolvido pelo plenário da Câmara.

Acusado de integrar um grupo de parlamentares que ficou conhecido como “Anões do Orçamento”, o deputado João Alves alegou que o polpudo e meteórico aumento do seu patrimônio era decorrente de diversos e seguidos prêmios das loterias da Caixa.

Relator do Orçamento da União de 2011, o senador Gim Argello (PTB-DF) é acusado de apresentar emendas beneficiando a institutos fantasmas e empresas de fachada. Argello nega as acusações, mas por precaução o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) quer acabar com a Comissão Mista do Orçamento, que desde a “CPI dos Anões do Orçamento”, em 1993, é alvo de seguidos escândalos.

Em pontual discurso proferido na segunda-feira (5), no plenário do Senado Federal, Alvaro Dias defendeu o fim da Comissão de Orçamento, fazendo referência indireta ao senador Gim Argello. “Termina um ano, começa o outro, os mesmos problemas se repetem. Há uma reincidência de desvios denunciados na Comissão de Orçamento. Por isso, nós achamos que não basta investigar e responsabilizar parlamentares por supostas irregularidades que ocorrem neste momento. É preciso adotar uma posição radical em relação à Comissão de Orçamento. Particularmente, defendo – e sei que é consenso no nosso partido – a extinção da Comissão de Orçamento”, afirmou o senador tucano.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que convidou o relator do Projeto de Lei Ormentária para 2011, disse que “seria muito importante se o senador Gim Argello pudesse esclarecer todos esses episódios, porque muito possivelmente ele tenha agido de boa fé e as pessoas responsáveis pelas entidades citadas na matéria tenham procedido de maneira tal como explicado na reportagem”.

Senador pelo Democratas do Piauí, Heráclito Fortes condenou, em aparte, o fato de muitas das emendas apresentadas pelos parlamentares destinarem recursos do Orçamento da União a organizações não-governamentais com fins no mínimo estranhos, como a realização de shows com bandas caras em estados pobres do .Nordeste

Muito estranhamente, o PT palaciano, cujos integrantes sempre empunharam o megafone da indignação para protestar contra os ocupantes do poder e seus aliados, agora opta por silêncio obsequioso diante da enxurrada de acusações na direção de Argello.