Futuro ministro dos Transportes reconhece que mentiu para ajudar o gaúcho Tarso Genro

Veneno caseiro – “Herança maldita”. Nos últimos oito anos esse foi o binômio vernacular utilizado pelos ufanistas do PT, em especial quando fizeram referência aos oposicionistas que os antecederam em muitos cargos da estrutura política nacional. A estreia dessa expressão coube ao sempre messiânico Luiz Inácio da Silva, quando se referiu pela primeira vez, em 2003, ao seu antecessor, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

De lá para cá, os gazeteiros de plantão, sempre dispostos a cumprir as ordens palacianas, vociferaram aos quatro cantos a tal da “herança maldita”, como forma de desacreditar os que fizeram oposição ao presidente-metalúrgico e para validar a onda mitômana oficial que teve como chafariz o Palácio do Planalto.

Agora, com o arrogante Tarso Genro eleito e diplomado governador do Rio Grande do Sul, o discurso petista deverá mudar ou, então, terá de ser abafado durante algum período. Atual ocupante do Palácio Piratini, sede do Executivo gaúcho, a governadora Yeda Crusius (PSDB) deixará ao seu sucessor nada menos do que R$ 3,6 bilhões em caixa. Parodiando o presidente Lula da Silva, “nunca antes na história do Rio Grande do Sul” um governador deixou tanto dinheiro em caixa para o timoneiro de um novo governo.

Fora isso, Tarso Genro e alguns assessores foram obrigados a ouvir a reverberação da fala do futuro ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que reconheceu na última semana que, a serviço do PT e do governador eleito, encabeçou a guerra do governo federal contra Yeda Crusius por causa da devolução das estradas estaduais pedagiadas. Atual ministro dos Transportes, Paulo Passos reuniu-se com Genro e com o deputado federal Beto Albuquerque, futuro secretário Infraestrutura e Logística, para anunciar que a decisão tomada pela governadora tucana é um ato jurídico perfeito.

“Trata-se (o ato de Yeda Crusius) de um ato juridicamente perfeito. A indenização às concessionárias, que alegam desequilíbrios provocados por atos do poder concedente, será paga”, declarou, há dias, Alfredo Nascimento. Perguntado sobre a razão de ter mentido e somente agora reconhecer a legalidade do ato praticado pela governadora gaúcha, Nascimento foi pontual e enfático: “O PT é o Partido do governo federal e facilita muito”.

Em outras palavras, a sanha do PT pelo poder fez da mentira uma usina de heranças malditas. E que atire a primeira pedra qualquer corajoso do partido político que protagonizou o período mais corrupto da recente história política nacional.