Caos na saúde provoca fechamento e problemas em pediatrias em vários estados

Mapa da morte – A situação nos hospitais públicos está muito ruim. Nas unidades de emergência os pacientes quando são atendidos ficam em macas, empilhados pelos corredores. Na área da pediatria os problemas não são menores, até mesmo em estados que poderiam fornecer melhores serviços. É o caso de Santa Catarina. No Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis, quatro mil crianças estão na fila à espera de uma cirurgia na especialidade de otorrinolaringologia.

Em entrevista à “TVCom”, o secretário de Estado da Saúde, Dalmo Oliveira, informou que no atual ritmo seriam necessários cerca de quatro a cinco anos para atender a todos. Isto se não entrar nenhuma uma nova criança na lista de espera. O número de leitos no hospital também sofreu uma drástica redução ao longo dos últimos anos. Dos 220 disponíveis nos anos 1980, atualmente pouco mais de 90 são destinados ao tratamento dos pacientes.

No Rio de Janeiro, os problemas são cada vez maiores. Há falta de pediatras na rede pública por conta dos baixos salários. Um médico concursado ganha líquido de salário R$ 1.360. Além disso, as condições de trabalho são precárias, o que ajuda a afastar o profissional.

Problema idêntico acontece no Mato Grosso do Sul. O Hospital El Kadri fechou as portas no início do mês para o atendimento pediátrico no pronto-socorro. Os médicos se recusam a trabalhar alegando péssima remuneração. O hospital atendia por dia de 70 a 100 crianças. Agora, elas são encaminhadas para três hospitais particulares.

No Mato Grosso, a UTI neonatal do pronto-socorro municipal de Cuiabá também está fechada desde domingo (26), após a morte de cinco bebês na unidade. As mortes de pelo menos três crianças teriam sido causadas por uma bactéria bastante agressiva, presente na UTI neonatal.

Os problemas com a pediatria também acontecem no Rio Grande do Sul. A UTI Neonatal do Hospital de Clínicas de Porto Alegre foi fechada na segunda semana de dezembro por 72 horas devido à presença da bactéria “Acinetobacter”. O fechamento da UTI implicou no Centro Obstétrico, que não teve condições de realizar partos de risco.

No Paraná, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do Hospital Municipal Prefeito João Vargas de Oliveira, o Hospital da Criança, corre o risco de ser fechada desde o início do mês. É que os oito médicos contratados pela empresa terceirizada e que estão com os salários atrasados há quatro meses pediram demissão.

Os profissionais que trabalham na UTI do Hospital Municipal Doutor Amadeu Puppi também se demitiram. Os pagamentos não estão sendo realizados porque a empresa responsável pela prestação dos serviços estaria sem Certidão Negativa de Débito (CND). Além dos médicos, de acordo com a imprensa local, outros profissionais que compõem as equipes das UTIs dos dois hospitais também estão sem receber vale-transporte e com os salários atrasados há dois meses.