PMDB perde a direção dos Correios para um sindicalista do Partido dos Trabalhadores

Briga feia – O núcleo duro do Partido dos Trabalhadores, que vai comandar os ministérios próximos da futura presidente Dilma “Lulita” Rousseff, colocou mais uma pá de cal nas pretensões dos caciques do PMDB. Os dois partidos vivem às turras por conta dos cargos na administração federal. Nesta briga, os petistas conseguiram mais uma vitória ao garantir o sindicalista Wagner Pinheiro de Oliveira na presidência dos Correios.

O nome foi confirmado pela equipe de transição depois de uma conversa de Dilma com o atual presidente da Petros, o fundo de pensão dos funcionários do sistema Petrobras. Wagner foi diretor da Afubesp e da Fetec/CUT-SP. É membro da equipe de transição no grupo temático de Políticas Sociais, participando da elaboração do diagnóstico do Ministério da Previdência e Ação Social e membro da equipe que elaborou as Propostas para o Mercado de Capitais do programa da candidatura do presidente-metalúrgico Lula da Silva.

A indicação de um simpatizante do PT para os Correios pode ser o primeiro caminho para que o PMDB deixe o comando de fundações e estatais, sob seu comando há vários governos. No Ministério da Saúde, os peemedebistas perderam a Secretaria de Atenção à Saúde e a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).

Em julho, o Palácio do Planalto deu o primeiro passo na direção de afastar o PMDB dos Correios. David José de Matos, amigo de Erenice há 30 anos, substituiu Carlos Henrique Custódio, apadrinhado pelos peemedebistas. Três meses depois, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo foi chamado para colocar fim à crise na empresa, foco das denúncias feitas pela revista “Veja”, que derrubaram Erenice e provocaram a demissão do ex-diretor de Operação dos Correios Eduardo Artur Rodrigues Silva.

Há 20 dias, Paulo Bernardo foi confirmado como futuro ministro das Comunicações, o mesmo ocupado pelo senador Hélio Costa (PMDB-MG). A estatal está dentro do organograma do Ministério das Comunicações.

A indicação de Bernardo não foi obra do acaso. Ele foi escolhido pela direção do PT para vasculhar as “jóias da coroa” da administração federal. Bernardo faz parte de uma comissão composta de seis dirigentes petista, encarregada de fazer o mapeamento dos cargos federais.

O atual presidente dos Correios é David José de Matos, indicado pelo deputado Tadeu Filipelli (PMDB-DF), vice-governador eleito do Distrito Federal, mas também é amigo de Erenice Guerra, a ministra da Casa Civil que caiu em setembro, no rastro de acusações de tráfico de influência na pasta.