Quenianos chegam para esquentar a mais tradicional prova de rua do Brasil

Vilão sorridente – O inimigo número 1 dos atletas brasileiros na sexta-feira (31), na 86ª edição da Corrida de São Silvestre, em São Paulo, não leva jeito para vilão. O tom de voz mínimo e a timidez de James Kwambai, atual bicampeão da prova, são compensados com um sorriso permanente, que foi posto à prova no Ibirapuera. Em seu primeiro treino no Brasil, o queniano de 27 anos deu show de simpatia e mostrou grande forma, mas preferiu a cautela ao falar sobre favoritismo.

Depois de ter desembarcado de forma anônima em São Paulo no dia anterior, Kwambai encarou com bom humor o assédio. Cercado por atletas amadores e desconhecidos atrás de um minuto de fama, ele aceitou com sorrisos vestir o cocar e o chapéu de cangaceiro oferecidos por corredores fantasiados. Em seguida, entrou no ritmo de uma música improvisada pelos fãs e pacientemente posou para fotografias.

Quinto colocado na Maratona de Nova York, em outubro, ele diz que teve pouco tempo para se preparar para a prova brasileira. Por isso, admitiu que dificilmente conseguirá superar o recorde do compatriota Paul Tergat (43min12), que já dura 15 anos. “Não posso dizer o que vai acontecer na sexta. Eu poderia melhorar meu tempo e quebrar o recorde se tivesse tido tempo suficiente de treino. Mas tudo é possível”. Em 2008, ele venceu pela primeira vez com 44min43. No ano passado, baixou a marca em apenas três segundos (44min40).

Ao lado das também quenianas Alice Timbilili (campeã da São Silvestre em 2007) e Eunice Kirwa, vencedora da Meia Maratona do Rio de Janeiro, Kwambai deu uma volta completa no Parque do Ibirapuera e ainda deu diversos piques, sob sol de quase meio-dia. Mesmo acostumado ao calor africano, ele diz que o verão brasileiro e o tempo úmido influenciam. “O tempo aqui é muito, muito quente, não é fácil. Mas sei que tenho de correr a prova do jeito que ela é. No ano passado, por exemplo, estava muito úmido e venci”.