Prova de capacidade – A capacidade de articulação do ministro de Relações Institucionais, deputado federal Luiz Sérgio Nóbrega (PT), será testada logo nos primeiros dias após a sua posse. Indicado para resolver as questiúnculas partidárias, apaziguar interesses e controlar o apetite insaciável dos políticos, o ministro terá de mostrar mais competência do que a exalou no período em que foi líder da bancada do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados. Mas na primeira prova de fogo de Luiz Sérgio, a presidente Dilma Rousseff passou o bastão para o chefe da Casa Civil, o deputado Antonio Palocci Filho. Portanto, a briga do PMDB e do PT é um assunto de Estado.
Se Luís Sérgio não é o negociador do já previsto conflito entre os dois maiores partidos, poderá ser acionado em outra bomba de menor poder de destruição. Embora o deputado Mário Negromonte tenha sido indicado ministro das Cidades, o clima dentro da bancada do Partido Progressista continua bem azedo. E o azedume não é por conta dos deputados, mas do próprio Negromonte.
Durante a cerimônia de posse na segunda-feira (3), o ministro baiano preferiu formar uma mesa exclusivamente com representantes de seu estado, a começar pelo governador Jaques Wagner (PT). A deferência tem motivo, pois Wagner na verdade foi o verdadeiro padrinho político de Mário Negromonte. O ministro sequer mencionou a presença de dois outros governadores presentes à cerimônia.
O pequeno deslize do ex-líder da bancada do PP foi recebido com ressalvas pelos companheiros de legenda. A esse fato veio se somar a intransigência em indicar, sem consultar os colegas de Parlamento, o secretário executivo da pasta. Os deputados do PP concordam que a nomeação é de livre escolha do ministro, mas não entendem porque o executivo terá que ser da Bahia. A nomeação poderia ser um pagamento da fatura pela indicação feita por Jaques Wagner. Ao dar as cartas do seu jeito, sem ouvir os pares, Negromonte poderia influir na bancada, bastante suscetível a emendas e a distribuição de recursos.
O comportamento de Mário Negromonte se assemelha ao do ex-ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB). O baiano que buscou se eleger governador capitaneou a estrutura do ministério em seu favor, provocando descontentamento na bancada peemedebista. Além disso, privilegiou a distribuição de recursos federais para se cacifar ao governo da terra de todos os santos. Foi o caso das verbas para prevenção das enchentes. A Bahia ficou com quase 50% da verba de todo o bolo previsto para o País.