Desvalorização continuada do dólar obriga Banco Central a anunciar novas regras cambiais

Mais uma vez – Após passar meses a fio arrumando desculpas para justificar a excessiva valorização do Real frente à moeda norte-americana, o que corroeu as exportações brasileiras, o ministro Guido Mantega, da Fazenda, agora vê o seu palavrório derreter como o dólar.

Em 2010, o Banco Central atuou fortemente mercado de câmbio na tentativa de conter a queda da cotação das principais moedas estrangeiras, tirando dos cofres verde-louros suficiente para comprar nada menos que US$ 41,4 bilhões, contra um ingresso de US$ 24,3 bilhões.

Ainda sem fazer a própria lição de casa, o governo federal insiste em transferir ao mercado a responsabilidade pelo descontrole cambial. Na manhã desta quinta-feira (6), o Banco Central anunciou novas regras para o mercado de câmbio, que atingirá os bancos. De agora em diante, as instituições financeiras terão de recolher junto ao BC um depósito compulsório equivalente a 60% da posição cambial vendida que exceder US$ 3 bilhões. “Esse depósito compulsório [recursos que ficarão detidos no BC] será recolhido em espécie e não será remunerado. As instituições terão 90 dias para se adequar à nova regra”, informou o BC em circular publicada nesta quinta-feira. Os bancos terão prazo de noventa dias para se adequar às novas regras, que passam a valer a partir de 4 de abril.

Para o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes, a nova medida forçará os bancos a diminuírem suas posições vendidas no câmbio. “Olhando essa medida isoladamente, tem um indutor de compra de dólar. Se há uma tendência de compra, deverá haver tendência de valorização [do dólar]”, declarou Mendes.

O que deveria acontecer, mas não acontece, é o governo federal enxugar a máquina pública, reduzir as taxas de juros, encolher as despesas e promover um ajuste fiscal e uma profunda reforma tributária. Com a sanha petista de aparelhar cada vez mais a máquina oficial, tais metas jamais serão alcançadas no curto prazo. As medidas hoje anunciadas não impactam diretamente no bolso do consumidor, mas em breve alguém terá de pagar a conta, pois é assim que funciona o universo capitalista do dinheiro. E como sempre acontece, a culpa cairá sobre o colo dos mais fracos.