Farsante com mandato, Gilberto Kassab transformou São Paulo na versão tupiniquim de Veneza

Brincadeira oficial – A bordo de promessas ufanistas, como sempre acontece em época de eleição, o democrata Gilberto Kassab disputou em 2008 o direito de permanecer à frente da prefeitura da maior cidade brasileira, a Pauliceia Desvairada. Preocupado com seu futuro político, Kassab tem se dedicado a negociações partidárias que lhe garantam plataforma política em 2014, quando pode concorrer ao Palácio dos Bandeirantes, provavelmente enfrentando o governador tucano Geraldo Alckmin.

Para fazer do sonho uma realidade, Gilberto Kassab, financiado pelo suado dinheiro do contribuinte paulistano, tem gasto boa parte do tempo viabilizando a sua saída do Democratas e o imediato ingresso no PMDB, assunto que foi iniciado com o falecido Orestes Quércia, mas agora é conduzido pelo vice-presidente da República, Michel Temer. Fora esses assuntos de interesse pessoal, Kassab recheia sua agenda com sucessivas inaugurações e visitas a determinadas obras, como se a cidade de São Paulo não tivesse problemas mais urgentes para serem solucionados.

Na tarde desta sexta-feira (7), o córrego Aricanduva, na Zona Leste da capital dos paulistas, transbordou depois de uma forte chuva, o que há séculos acontece no mês de janeiro. As barrentas águas do córrego subiram mais de um metro e meio, fazendo com que dezenas de automóveis fossem arrastadas pela correnteza que alcançou as pistas da avenida de mesmo nome.

Sem jamais aparecer em público para dar explicações sobre a inoperância da sua administração, Gilberto Kassab coloca na linha de frente do combate os técnicos da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e do Centro de gerenciamento de Emergências, que se contorcem para explicar o inexplicável aos náufragos paulistanos.

Em mais um dia de caos na cidade que insiste em sediar jogos da Copa do Mundo, a culpa foi novamente creditada à natureza. Especialistas contratados pela prefeitura de São Paulo alegaram desta vez uma razão binomial para a tragédia que novamente marcou a vida dos moradores do bairro do Aricanduva. Uma chuva de forte intensidade e baixa velocidade de movimentação provocou o enorme alagamento. Essas desculpas técnicas e burocráticas servem para ludibriar a opinião pública e livrar a prefeitura de indenizações milionárias.

Se Gilberto Kassab não sabe o que fazer na administração da quinta maior cidade do planeta, que peça demissão e aproveite o ócio para explicar aos brasileiros a sua participação na CPI dos Combustíveis, que, diga-se de passagem, foi muitíssimo mal conduzida na Câmara dos Deputados. Assunto que se revirado de maneira adequada provavelmente provocará uma enxurrada bem maior e mais assustadora que a desta fatídica sexta-feira.