Oficial, mas nem tanto – Chamado pela presidente e companheira Dilma Rousseff de um dos “Três Porquinhos” da recente campanha eleitoral (os outros são Antônio Palocci Filho e José Eduardo Dutra), o ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, disse, na tarde desta sexta-feira (14), ao comentar a catástrofe que se abateu sobre a região serrana do Rio de Janeiro, que a ocupação do solo no Brasil é feita de maneira irresponsável. Cardozo destacou que dessa irresponsabilidade é do Estado, que “falhou em sua política de moradia ao longo dos anos”.
“O que afasta as pessoas mais pobres para áreas de risco é justamente uma política de moradia histórica no Brasil. Além das causas pluviométricas,[…] temos também a questão social como questão chave desse processo”, completou Cardozo. Tal declaração ratifica matéria publicada pelo ucho.info sobre a ineficácia do programa “Minha Casa, Minha Vida”, lançado por Luiz Inácio da Silva sob a promessa de entregar 1 milhão de casas em doze meses. Com viés escandalosamente eleitoreiro, o “Minha Casa, Minha Vida”, passado mais de um ano da sua pirotécnica estreia, não conseguiu entregar nem 10% da quantidade de imóveis anunciada pelo então presidente da República.
Desde que assumiu o poder, em janeiro de 2003, Lula falou inúmeras vezes em herança maldita para estocar os adversários, em especial os tucanos e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No contraponto, o mesmo Lula passou oito anos vendendo ao mundo o seu messianismo mambembe, não sem antes desfilar pelo planeta como a única e derradeira solução para o País que continua patinando como nação do futuro. E foi por conta desse conjunto de aludidos acertos é que surgiu o fatídico bordão “nunca antes na história deste país”, inventado pelo ex-metalúrgico para irritar os adversários.
A falta de planos habitacionais repete o caos existente na saúde pública, setor para Lula da Silva, em 2006, já estava a um passo da perfeição. Afirmação que o tempo se encarregou de provar que se tratava de uma sonora e abusada mentira. Na entrevista coletiva que concedeu após sobrevoar a região fluminense devastada pelas chuvas, a presidente Dilma disse que uma das razões da catástrofe é a falta de um programa de saneamento. Mas ela própria, durante a campanha presidencial, que teve a coordenação de José Eduardo Cardozo, exaltou as conquistas do governo Lula na área do saneamento.
Muito estranhamente, repetindo o que agora fazem os companheiros petistas, o ministro da Justiça lança na linha do tempo a responsabilidade pela tragédia do Rio de Janeiro, sem nominar o culpado. É sabido que Lula só chegou ao poder porque se rendeu às vontades e imposições dos banqueiros, pois as promessas feitas durante a campanha presidencial de 2002 lhe garantiriam mais uma temporada na cidade de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
Para finalizar, José Eduardo Cardozo se apequenou ao falar do desastre que arrasou as cidades serranas do Rio, apenas porque se prevalecesse a coerência ele seria obrigado a desqualificar Luiz Inácio da Silva. Alçado à condição de versão avermelhada de Sassá Mutema, Lula continuará recebendo afagos irresponsáveis da “companheirada” genuflexa.