Planalto quer impor Graziano na FAO, o mesmo que não conseguiu emplacar o “Fome Zero”

Primeiro os companheiros – José Graziano da Silva foi um dos primeiros nomes anunciados pelo então presidente Lula da Silva na composição do seu primeiro ministério, em 2003. O assessor chegou à Esplanada do Ministério com um discurso pronto contra a fome. Embaixo do braço trazia um plano que seria a solução do governo petista para o grave problema da miséria e da fome. Como se veria meses depois, entre o discurso e a prática há uma grande diferença.

Apesar das propostas acumuladas ao longo de duas décadas, o Partido dos Trabalhadores foi obrigado a abandonar o plano de Graziano e condensar todos os programas sociais do governo anterior para dar uma resposta à expectativa da população. O ministério Extraordinário de Segurança Alimentar e Combate a Fome foi extinto, porque falhou na transferência de renda. Para salvar as aparências e um dos principais pontos da campanha eleitoral foi criada uma nova pasta e nomeado um novo ministro.

Patrus Ananias assumiu o Desenvolvimento Social e Combate à Fome, provavelmente uma homenagem aos velhos discursos. Sob as suas asas foram ampliadas as concessões do Bolsa Família, hoje um programa populista que garantiu a reeleição de Lula e a eleição de Dilma Rousseff.

José Graziano recebeu como prêmio o cargo de representante Regional da FAO para a América Latina e Caribe. Passados quatro anos, novamente o governo quer premiar um militante de primeira linha, mas um gestor com campacidade duvidosa. É o próprio Graziano quem afirma que emplacar seu nome como diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) é uma “questão de honra”.

O desafio teria surgido por conta da incompetência da diplomacia tupiniquim, até então comandada pelo chanceler Celso Amorim. O jornal “O Estado de S. Paulo” especula que o governo quer dar uma resposta, sobretudo após as recentes derrotas diplomáticas sofridas pelo Brasil, a exemplo do que ocorreu com a mediação de um acordo com o Irã.

Miguel Ángel Moratinos, ex-chanceler espanhol, é o principal adversário do brasileiro que pretende bater no discurso do subsídio agrícola europeu. Promover a agricultura dos países mais pobres.