Escolha de Sofia – O senador Pedro Simon (PMDB-RS) deverá renunciar ao salário do Senado Federal e optar pela aposentadoria de ex-governador do Rio Grande do Sul. A decisão deverá ser anunciada na próxima semana, quando o parlamentar retorna à Brasília. O senador gaúcho surpreendeu a opinião pública ao pedir a aposentadoria vitalícia duas décadas depois de ter governado o estado, entre 1987 e 1990.
Amigos próximos ao senador, que na semana passada disse ter nascido para ser pobre, suspeitam que a opção se deu por necessidades financeiras. Ele estaria precisando de dinheiro. “Minha situação estava ficando difícil”, admite o próprio parlamentar que é tido como talvez a última defesa moral do Senado Federal.
Simon é da Ordem Franciscana da Igreja Católica e decidiu doar boa parte de seus bens. “No Senado, eu recebo cerca de R$ 11 mil”, relata, referindo-se ao valor líquido dos vencimentos. Segundo informou a imprensa, Simon segue abrindo mão da verba de representação, mas, como seus pares, a partir de fevereiro receberá R$ 26,7 mil brutos.
Outros sete ex-governadores gaúchos e três viúvas de ex-governadores também recebem aposentadorias de R$ 24,1 mil. Yeda Crusius (PSDB) entrou na lista neste mês.
Outro senador respeitado pela retidão e que pediu a aposentadoria vitalícia foi Alvaro Dias (PSDB-PR). O senador tucano pediu os valores retroativos da pensão a que teria direito no valor total de R$ 1,6 milhão. Na última sexta-feira (22), Alvaro disse que doou a aposentadoria a uma creche. Na segunda-feira (24), Dias apresentou um recibo com data de 2011. Mais tarde, tanto Alvaro Dias quanto os diretores da creche informaram que a data estava errada. Desde outubro de 2010, o senador recebe R$ 24,8 mil como aposentadoria vitalícia na condição de ex-governador do Paraná.
Na segunda-feira, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) anunciou que no início de fevereiro ingressará com três Ações Diretas de Inconstitucionalidade (Adins) contra as leis de Sergipe, Amazonas e Paraná que concedem aposentadoria vitalícia a ex-governadores.
A expectativa do presidente da OAB, Ophir Cavalcante Júnior, é que o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar o primeiro caso, edite uma súmula vinculante que proíba definitivamente o pagamento de pensões vitalícias a ex-governadores. Pelo menos 60 ex-governadores e viúvas de ex-governadores estariam recebendo aposentadoria que contraria o senso comum.