Números da economia mostram que bolha de virtuosismo da era Lula pode estourar no colo de Dilma

Pé no freio – Semanas antes de ser entronada no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff ouviu de assessores que o melhor para enfrentar os reflexos da persistente crise econômica que atinge a Europa seria incentivar o consumo interno, como forma de compensar eventuais descompassos dos negócios internacionais.

Tão logo estreou no principal cargo do País, Dilma foi obrigada a deixar de lado os conselhos recebidos, pois no espólio de Lula da Silva surgiu inadvertidamente o fantasma da inflação. Sem saída, a neopetista teve de concordar com a alta da taxa básica de juros, a Selic, que aumentou a dívida pública nacional e puxou ainda mais para cima o custo do crédito ao consumidor.

A taxa média de juros do crédito ao consumidor subiu em dezembro de 39,1% para 40,6% ao ano, a maior desde maio de 2010, segundo dados do Banco Central. Para o professor especialista em crédito José Pereira da Silva, da Fundação Getúlio Vargas, a taxa de juros deve ficar na casa dos 40% pelo menos no primeiro semestre deste ano. “O governo tomou essas medidas para inibir o consumo e conter a inflação, logo, a taxa de juros deve continuar alta para o consumidor. Além disso, a oferta de crédito deve cair”, destaca Pereira da Silva.

Levantamento parcial feito pelo Banco Central até 12 de janeiro passado aponta para uma expressiva elevação da taxa média de juros, que está em 38% ao ano, sendo que para pessoas jurídicas o custo do dinheiro é de 29,4% ao ano, e para o consumidor, 45,1%. A alta, segundo o BC, se deve à elevação do “spread” bancário (a diferença entre o custo de captação de dinheiro no mercado e a taxa do empréstimo). Em dezembro, a taxa média de juros foi de 35%. Ou seja, em menos de duas semanas houve um aumento de 10% no custo do dinheiro.

O mesmo levantamento feito pelo BC identificou que o índice de inadimplência da pessoa física caiu para 5,7% em dezembro, o menor desde junho de 2001, quando estava em 5,5%. No caso das pessoas jurídicas, a inadimplência manteve o índice em 3,6%.

Na cidade de São Paulo, a maior do País, o endividamento e a inadimplência continuam preocupando o comércio, bancos e financeiras. De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), o endividamento dos paulistanos saltou de endividamento subiu de 45,7%, em dezembro, para 51,2%, em janeiro, de acordo com pesquisa realizada recentemente. O número de famílias endividadas subiu de 1,639 milhão no mês passado para 1,836 milhão no primeiro mês de 2010. Em relação à inadimplência, o índice saiu de 13%, em dezembro, para 15% em janeiro.

Para que o leitor compreenda a extensão do pavio que antecede o barril de pólvora em que se transformou o cotidiano da economia nacional, o setor financeiro despejou no mercado, em 2010, R$ 1,7 trilhão em empréstimos, valor recorde que corresponde a 46,6% do Produto Interno Bruto. Em 2008, o volume de dinheiro em empréstimos correspondia a 40,5% do PIB.

A conjunção de todos os fatores que permeiam a economia brasileira mostra que a presidente Dilma terá de pagar em breve a fatura decorrente da irresponsabilidade do companheiro e mentor Luiz Inácio da Silva. Em outras palavras, a bolha de virtuosismo vendida por Lula já ultrapassou o prazo de validade.