Sarney elogia Marco Maia, abusa do devaneio e chama o presidente da Câmara de expoente político

Além do limite – Presidente do Senado Federal e comandando a cerimônia em que Dilma Rousseff fez a leitura da mensagem presidencial, o senador José Sarney (PMDB-AP) abusou do viés bajulador ao passar a palavra ao deputado petista Marco Maia, eleito para presidir a Câmara no biênio 2011-2012, referir-se ao parlamentar como “uma das maiores expressões do Congresso Nacional”.

Não se trata de duvidar da capacidade política de Marco Maia e muito menos da sua integridade como cidadão, mas há no Congresso Nacional parlamentares que, muito antes do deputado petista, merecem tal elogio.

É fato que Sarney quer viver em clima de lua de mel com o Palácio do Planalto e com a Câmara dos Deputados, mas afirmar que Maia é uma das maiores expressões do Congresso é um notório exagero. Na entrevista coletiva que concedeu aos jornalistas na manhã desta quarta-feira (2), em Brasília, Marco Maia mostrou aos presentes que não se incomoda em rezar pela cartilha da companheira Dilma. Tanto é assim, que a presidente, no discurso que fez há instantes no plenário da Câmara, repetiu trechos da fala de Marco Maia, ao garantir que se empenhará para que as duas Casas do Legislativo federal tenham suas respectivas agendas políticas.

Como essa afirmação, combinada entre ambos, fica evidente que Marco Maia não é o expoente que sugeriu o senador José Sarney, ao mesmo tempo em que Dilma está longe de ser a candura que muitos acreditam ser. A Câmara e o Senado, com as atuais composições, tendem a desempenhar o papel de ratificadores das vontades palacianas. E só o tempo será capaz de dizer quem é quem nesse nauseante jogo de faz de conta que há muito emoldura o cenário político e engana o povo brasileiro.