Mensagem presidencial que Dilma levou ao Congresso é cópia mal feita do primeiro discurso de Lula

Papel carbono – Prefaciante da cerimônia de instalação da primeira sessão legislativa do Congresso Nacional, a presidente Dilma Rousseff, que na tarde desta quarta-feira (2) levou ao Parlamento brasileiro a mensagem presidencial, não convenceu os parlamentares presentes, exceto os que se postam de maneira mais genuflexa diante do Palácio do Planalto.

Estreante na Presidência da República, Dilma repetiu o gesto de seu antecessor e mentor eleitoral, o messiânico Luiz Inácio da Silva, que em 2003 levou a mensagem presidencial ao Congresso Nacional. Em seu discurso, muito mais conciso que os de Lula, Dilma destacou temas conhecidos dos políticos mais experientes. Na verdade, o que a presidente entregou ao presidente do Congresso, o maranhense José Sarney, não passou de uma mal ajambrada colcha de retalhos feita a partir do primeiro discurso de Lula da Silva como mandatário tupiniquim.

Como se fosse um eco retardado do ex-presidente Luiz Inácio, a neopetista destacou como pontos fortes de seu governo a erradicação da miséria, o direito à educação, saúde e segurança, assuntos que o gazeteiro Lula garantiu estarem solucionados.

A contundência maior do discurso de Dilma Rousseff ficou por conta da promessa de que o governo federal não permitira “em nenhuma hipótese que a inflação volte a corroer o nosso tecido econômico”. A presidente fez tal declaração ao lado de José Sarney, que conhece com folga as dificuldades de se combater a inflação. Foi na época em que o coronel da política maranhense ocupava o Palácio do Planalto que a inflação no País chegou ao absurdo índice de 80% ao mês.

Dilma também abordou as questões do salário mínimo e prometeu enviar ao Congresso Nacional um projeto de longo prazo que garanta o reajuste da remuneração do trabalhador ao longo dos anos, desde que a majoração esteja “de acordo com a capacidade financeira do Estado”. Em outras palavras, os trabalhadores que se preparem, pois a inflação ronda a economia verde-loura com insistência e aumento salarial voltará a frequentar a seara do desejo.

De maneira rápida e pouco profunda, a presidente falou sobre investimentos federais para evitar catástrofes naturais, mas não passou dessa pasmaceira. Apelando para frases de efeito, Dilma disse “não vamos esperar as próximas chuvas para chorar as próximas vítimas”. Pois bem, as vítimas do desastre que atingiu a serra do Rio de Janeiro decorrem da incompetência do ex-presidente Lula, do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) e do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), da Integração Nacional. O que Dilma Rousseff tenta, com um discurso evasivo, é não colocar na linha de tiro os verdadeiros culpados, até porque a grande imprensa brasileira, obcecada pelo dinheiro da propaganda oficial, sepultou o assunto muito antes do que as vítimas da tragédia.

A nova inquilina do Planalto não deixou de mencionar os investimentos em infraestrutura e logística (leia-se aeroportos) com vistas à Copa do Mundo e Às Olimpíadas, mas não foi muito além de uma citação meteórica e desenhada sob medida para a sua necessidade de ser poupada de críticas é questionamentos.

Antes de encerrar o discurso, Dilma Rousseff afirmou que a reforma tributária é um tema essencial, contrariando o que se comenta nas entranhas dos gabinetes palacianos. Quem frequenta com assiduidade e intimidade a sede do Executivo federal sabe muito bem que a reforma tributária é mera figura de retórica.

Ex-governador de Minas Gerais e um dos líderes da oposição, o agora senador Aécio Neves, em conversa com a reportagem do ucho.info, disse que ouviu discurso semelhante oito anos atrás e que prefere esperar para conferir se tudo o que foi prometido será de fato implementado. Outros parlamentares da oposição ouvidos pelo jornalista Gilmar Corrêa foram unânimes ao afirmar que o discurso foi inconsistente e que Dilma não levou ao Congresso qualquer proposta de governo.

A chegada de Dilma Ao Congresso foi marcada por um entrevero entre a Polícia do Senado, responsável pela segurança do evento, e o competente Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial da Presidência da República. Os seguranças impediram que Stuckert segui-se à frente da presidente Dilma Rousseff, situação necessária para o registro das imagens