Melhora o desempenho da Infraero, mas resultado está abaixo das expectativas do governo federal

Conversa fiada – As críticas contra a gestão da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) não são novas e nem devem desaparecer nos próximos meses. A diretoria, mantida graças a acordos políticos e a padrinhos importantes, não atendeu às estimativas do próprio governo. Resultado: a ampliação do sistema aeroportuário está ameaçada.

Para não passar vergonha durante eventos globais como Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, o governo federal deverá privatizar parte dos aeroportos, como já anunciou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista ao jornal inglês “Financial Times”. “O importante é mudar a estrutura da Infraero. Precisamos melhorar sua governança e modernizá-la para prepará-la ao mercado de ações”, afirmou o ministro. A privatização contraria o discurso do governo petista, que conquistou a vitória nas urnas fazendo críticas aos adversários tucanos, que na opinião dos palacianos são privatistas incorrigíveis.

O montante dos investimentos feitos em 2010 registrou aumento de 47% em comparação com o valor investido no ano anterior, mas o desembolso ficou 41% aquém do orçamento de R$ 1 bilhão. Isso quer significa que R$ 440 milhões não foram investidos em melhorias para os usuários dos aeroportos e companhias aéreas.

De acordo com o Programa de Dispêndios Globais, a Infraero pretende investir cerca de R$ 2,2 bilhões somente neste ano. A cifra, no entanto, é bem próxima ao que a empresa conseguiu desembolsar nos últimos quatro anos. Levantamento divulgado na quarta-feira (2) pelo site “Contas Abertas”, entre 1995 e 2010 a Infraero investiu nos aeroportos brasileiros R$ 4,3 bilhões, valores já corrigidos pela inflação. A cifra representa 48% do orçamento programado para o período, que somou R$ 8,9 bilhões. Isto significa que no período a empresa deixou de investir mais de R$ 4,6 bilhões.

De acordo com a assessoria de imprensa da Infraero, “a execução orçamentária de investimentos de 2010 foi frustrada por vários motivos”. Dentre os entraves, a empresa destaca as licitações desertas ou fracassadas, a demora no processo de licitações em decorrência de impugnações de editais, recursos administrativos e judiciais, entre outros. A expectativa da estatal é realizar todos os R$ 2,2 bilhões de investimentos previstos para este ano.

A melhoria dos aeroportos também recheou o discurso nada convincente que Dilma Rousseff fez na tarde de quarta-feira no Congresso Nacional. Falando da importância da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 para o País, a presidente garantiu que haverá investimentos suficientes por parte do governo federal para que tudo esteja pronto a tempo. “Os investimentos previstos para a Copa do Mundo e para a Olimpíada serão planejados e articulados com vistas a assegurar benefícios permanentes de qualidade de vida para os cidadãos. Com suas sedes localizadas em estados onde moram mais de dois terços da população, a Copa do Mundo servirá de vetor para a entrega à população de centenas de obras de infraestrutura urbana e de logística. Sobre este último item, chamo a atenção para as nossas diretrizes na área de aviação civil. Temos urgência em ampliar e melhorar nossos aeroportos e beneficiar parcelas cada vez mais amplas da população que passam a ter acesso ao transporte aéreo”, declarou Dilma.

Com afirmações evasivas e desconexas sobrando por todos os lados, torna-se extremamente difícil saber em quem acreditar. Mantega garante que parte dos aeroportos será privatizada, mas Dilma afirma que haverá investimentos suficientes para o setor. Enfim, resta concluir que o problema do governo Dilma é o mesmo que atormentou a gestão de Lula. Os petistas não sabem combinar a mentira com a devida antecedência.