Impasse atrasa eleição de suplentes da Mesa e indicações para comissões no Senado

Dois por um – A presidente Dilma Rousseff (PT) escolheu os líderes do governo no Senado e na Câmara dos Deputados. O senador Romero Jucá (PMDB-RR) é um coringa que tem servido a todos os governos, desde Fernando Henrique Cardoso, e sua indicação não foi surpresa alguma. Na Câmara, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) resistiu aos ataques dos próprios companheiros de partido e se consolidou como o interlocutor dos parlamentares da Câmara Baixa e o Palácio do Planalto.

Vaccarezza não tem a experiência e o traquejo com os colegas como Jucá. Eleito senador pela terceira vez em outubro passado, Romero Jucá foi líder do governo Lula da Silva no Senado de 2006 a 2010. Também ocupou a liderança durante o governo tucano Fernando Henrique Cardoso na Casa. O senador Eduardo Braga (PMDB-AM) poderá ser indicado líder do governo no Congresso Nacional. Seria uma atitude da cúpula do PMDB para agradar Braga, que pode ficar sem a presidência de uma comissão permanente.

Se nesta área o Palácio do Planalto conseguiu equacionar suas dificuldades, o mesmo não acontece dentro do Senado. O impasse que envolve a escolha dos presidentes das comissões permanentes adiou por três vezes a eleição para os suplentes da Mesa Diretora. O líder da bancada do PT, senador Humberto Costa (PE), pediu na tarde de quarta-feira (2) ao presidente José Sarney (PMDB-AP) que a eleição fosse realizada na próxima terça-feira (8).

As dificuldades residem especialmente nas comissões de Infraestrutura e Agricultura. O bloco formado pelo PSDB e Democratas quer assumir as duas comissões, mas o PT não está disposto a abrir mão da importante Comissão de Infraestrutura. Os tucanos até podem desistir de comandar comissão, mas querem em troca duas outras comissões: Agricultura e Educação.

A Comissão de Agricultura seria ocupada pelo senador Jayme Campos (DEM-MT), que não aceitou comandar a Ouvidoria ou a Corregedoria do Senado, convite que teria partido do presidente da Casa, José Sarney. A falta de entendimento pode sobrar para o PTB, que escolheu a Comissão de Relações Exteriores. O senador Fernando Collor de Mello (AL) quer ser o presidente, desejo já manifestado há dois anos, quando também houve um embate entre a base governista e a oposição. Sem consenso também sobra para o PDT, que sonha com a Comissão de Agricultura.