Herança maldita – Quando o messiânico Luiz Inácio da Silva assumiu o poder em janeiro de 2003, na sequência surgiu o discurso mambembe do PT sobre a herança maldita, referência que os outrora oposicionistas fizeram até recentemente ao legado do tucano Fernando Henrique Cardoso.
Com a companheira Dilma Vana Rousseff entronada no Palácio do Planalto, que para a neopetista tem servido como uma espécie de trincheira para os problemas, o discurso pretérito do PT simplesmente foi cortado do script, pois é enorme a maldição que ronda a herança deixada pelo profético Lula.
O grande problema que Dilma Rousseff vem enfrentando está na economia, com a inflação dando mostras de que deve resistir às investidas do governo para liquidá-la. Setor econômico que nos últimos anos da era Lula mereceu a atenção do Palácio do Planalto e vinha crescendo a taxas chinesas, a construção civil está sobre o fio da navalha.
Em janeiro, de acordo com a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), as vendas do setor registraram queda de 5,3% no País. Em 2010, o setor de material de construção registrou crescimento de 10,6% nas vendas, em comparação ao ano anterior, com movimentação de R$ 49,80 bilhões.
Mas há um ingrediente nessa indigesta receita que Dilma dificilmente terá como contornar. Com a inflação caminhando perigosamente na direção dos 6% – nos últimos doze meses o índice foi de 5,99% – a caderneta de poupança, que em média rende anualmente os mesmos 6%, tem levado o pequeno e médio investidor a buscar alternativas de rendimento. Considerando que a captação de recursos através da poupança é que alavanca a indústria da construção civil no segmento de habitações, o setor que se prepare, pois logo adiante a situação não será das mais confortáveis.
Em 2009, o ucho.info alertou para o perigo de o segmento habitacional enfrentar problemas, a partir de 2012, com o término do fôlego da poupança, caso o ritmo de crescimento do setor fosse mantido nos níveis alcançados durante as benesses tributárias lançadas por Lula da Silva para minimizar os efeitos da crise financeira. Mas o fantasma da inflação pode antecipar tão conturbado cenário.