Papel carbono – A semana política termina com uma silenciosa queda de braços entre o Palácio do Planalto e a oposição, mais precisamente o PSDB, ambos de olho nas futuras eleições. Depois que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, anunciou a contratação de mais professores para a rede estadual de ensino e fixou o salário mínimo regional em R$ 600, a presidente Dilma Rousseff ocupou a rede de rádio e televisão e na noite de quinta-feira (10) invadiu os lares brasileiros.
Aproveitando o início do ano letivo, Dilma, em seu primeiro pronunciamento como presidente, disse que o governo federal investirá maciçamente na educação, como forma de garantir o avanço do País e erradicar a pobreza. A presidente também destacou a necessidade de melhorar a eficiência do Enem e do SiSU, que sob o comando do ministro Fernando Haddad, ainda no cargo por pressão de Lula da Silva, têm enfrentado escândalos de toda ordem.
Mostrando mais uma vez que o PSDB é uma espécie de espelho mágico para o PT, Dilma anunciou a criação do Programa Nacional de Acesso às Escolas Técnicas, o Pronatec, um clone da incursão do governo paulista no setor, através das Etec’s e Fatec’s, que deslancharam no governo de José Serra, que incluiu o tema em sua campanha presidencial.
Derrotado por Dilma Rousseff na corrida ao Palácio do Planalto, Serra ironizou a presidente após o anúncio. “Parabéns ao governo pelo anúncio do Protec – o Prouni do ensino técnico, que propus na campanha. Bolsa para pagar anuidades do ens. técnico (…) Bem, fiz certa ironia, que nem todos compreenderam: ‘o governo do PT copiou uma idéia nossa – Protec – que na campanha eles atacavam”, escreveu o ex-governador paulista no microblog que mantém no Twitter.
Falar em educação e erradicação da pobreza é uma receita que funciona em termos de persuasão da opinião pública, mas é preciso por parte de Dilma Rousseff um mínimo de coerência, pois nenhuma das ações propostas no discurso oficial acontece por meio de mágica. Como a erradicação da pobreza depende do cenário econômico, a proposta de Dilma pode cair no vazio, assim como aconteceu com o fracassado programa “Fome Zero”. Em relação à Educação, falar em melhorias e avanços só será possível quando o ministério comandado por Fernando Haddad passar por uma profunda assepsia. Até lá, qualquer anúncio será promessa barata e irresponsável.