À espera de uma definição sobre a compra de caças, Jobim é a ponta de lança de Dilma no Judiciário

Função extra – Ministro da Defesa, o gaúcho Nelson Jobim pode não ter gostado do anúncio feito pelo titular da Fazenda, o petista Guido Mantega, que nesta segunda-feira (28) informou que a compra de caças supersônicos para a FAB esta temporariamente suspensa, pois não há nos cofres federais dinheiro para a bilionária operação.

Muito se tem discutido a respeito do projeto FX-2, que trata do tema, mas o que ganhou espaço na mídia nos últimos dias não foi o lobby da norte-americana Boeing, que tenta vender ao Brasil o modelo F-1 Super Hornet, e a sueca Saab, que tenta emplacar o projeto do Gripen NG, mas a anunciada entrada de outros dois ministérios – Ciência e Tecnologia e Desenvolvimento – na análise do negócio, que na era Lula tinha os franceses Rafale, da Dassault, na preferência.

Erra quem pensa que esse fato enfraqueceu Jobim, pois as duas pastas, além do Ministério da Defesa, participam desse processo desde os primeiros momentos do projeto FX-1, que antecedeu o atual, o FX-2. Ou seja, não há novidade e muito menos uma operação para enfraquecer Nelson Jobim com base na participação de outras pastas no FX-2. Até porque, o projeto prevê a transferência de tecnologia e o desenvolvimento da indústria aeronáutica no País.

Se a permanência de Nelson Jobim à frente da Defesa estava vinculada à decisão sobre a compra dos caças, sua continuidade na pasta agora pode ser explicada por um novo fato. Formado em Direito e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal, Jobim, sem sair do ministério, pode ser alçado à condição de interlocutor do governo de Dilma Rousseff com o Judiciário, que nos últimos tempos tem enfrentado as pontiagudas arestas criadas pelo Executivo federal.