Depois de tentativa fracassada de Chávez, Lula pode assumir a esquerdização da crise Líbia

Saída pela esquerda – A tentativa de fincar a esquerda como mediadora da crise política que açoita o ditador líbio Muammar Khaddafi é mais um golpe oportunista para que alguns surjam nas manchetes internacionais, não sem antes fazer da Líbia um braço avançado do dueto formado por Hugo Chávez e Fidel Castro. E engana-se quem acredita que essa turma quer apenas o bem estar do povo líbio.

Até a tarde de quinta-feira (3), a ideia era fazer do tiranete Hugo Chávez o mediador da crise que chacoalha o governo de Trípoli, até porque a relação entre o presidente venezuelano e Khaddafi é bem estreita. Com o passar das horas, as críticas contra a eventual escolha de Hugo Chávez fizeram com que o plano inicial fosse descartado. Por conta da mudança de rumo, o nome de Luiz Inácio da Silva foi cogitado para assumir as negociações entre os oposicionistas líbios e o grupo de Khaddafi.

Acontece que tal incumbência não pode ser entregue a alguém que silenciou diante da morte do dissidente cubano Orlando Zapata Tamayo e comparou os encarcerados por Fidel aos integrantes das facções criminosas que agem nos principais presídios brasileiros. De igual maneira, Lula não tem currículo suficiente para assumir tarefa que exige bom senso e equilíbrio. Para quem não se lembra, Lula não pensou duas vezes para mandar de volta à Havana dois pugilistas cubanos que durante os Jogos Pan-Americanos do Rio, em 2007, desertaram por poucos dias, até que foram obrigados a encarar novamente a truculência dos irmãos Castro.

Ademais, qualquer negociação que passasse ao largo da atuação da ONU seria não apenas perigosa, mas esvaziaria a atuação da organização, que desde a invasão Iraque não recuperou a pujança de antes.