Imagens de pagamento de propina podem não tirar o mandato da deputada Jaqueline Roriz

Muito barulho – Flagrada em vídeo recebendo, na companhia do marido, propina (R$ 100 mil) paga por Durval Barbosa, delator do escândalo que ficou conhecido como o “Mensalão do DEM de Brasília”, a deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF) terá de enfrentar o palavrório de alguns colegas de parlamento. Presidente da Câmara dos Deputados, o petista Marco maia (RS) já avisou que enviará o caso para o Conselho de Ética da Casa. O PSol, por sua vez, anunciou que apresentará requerimento para que o caso seja analisado pela Corregedoria da Câmara.

Acontece que esses discursos moralistas, recheados de oportunismo desmedido, podem dar em nada. A gravação foi feita em 2006, época em que Jaqueline Roriz era deputada distrital. De acordo com o que determina a regra vigente no Congresso Nacional, casos de quebra de decoro parlamentar só podem ser analisados e julgados quando o acusado comete o ilícito no exercício do mandato. O ucho.info não tem qualquer interesse em defender a deputada Jaqueline Roriz, mas é preciso manter a coerência e dispensar ao caso um tratamento isonômico.

No caso de a deputada do Distrito Federal perder o mandato, outros parlamentares deverão ser julgados pelo Conselho de Ética, a começar pelos acusados de participação no “Mensalão do PT”, o maior escândalo de corrupção da história política nacional. Além disso, não se pode esquecer que Paulo Salim Maluf, que tem no currículo um sem fim de acusações e está proibido pela Justiça dos Estados Unidos de entrara naquele país, foi reeleito e está cumprindo o mandato com tranquilidade.

O respeito à regra atual dá destaque a dois pontos importante e que em tese deveriam despertar o interesse da população. Há uma necessidade cada vez mais premente de, muito antes da reforma política, promover uma radical mudança na forma de se fazer política. Além disso, há pelo menos mais algumas dúzias de parlamentares que, descartada a regra atual, perderiam o mandato. Mesmo assim, o corporativismo deve prevalecer no caso de Jaqueline Roriz.

A pressão sobre Jaqueline Roriz tem um ingrediente que até agora ninguém considerou. A sua saída da Câmara dos Deputados, por cassação ou renúncia, abrirá espaço para que um suplente assuma o mandato. Dependendo do partido político do suplente, a pressão deve aumentar ainda mais. (Foto: Estadão)