Ataques verbais de secretário à Polícia Civil de SP podem acabar na Assembleia Legislativa

Fio da navalha – Na terça-feira, 15 de março, a Assembleia Legislativa de São Paulo estreia uma nova legislatura. Com a posse dos novos deputados, muitos deles reeleitos, o Legislativo paulista será uma pedra muito mais incômoda no caminho do governador Geraldo Alckmin (PSDB) do que no do seu antecessor, o também tucano José Serra.

Prometendo dar trabalho ao chefe do Executivo, os deputados oposicionistas devem unir forças para aprovar a criação e instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito, principalmente para investigar temas que marcaram a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes e outros que emolduraram a corrida rumo ao Palácio do Planalto, disputa em que Serra perdeu para a neopetista Dilma Rousseff.

Entre os assuntos que devem tirar o sono de Geraldo Alckmin estão as obras do Rodoanel, as licitações do Metrô, a confusão envolvendo Paulo Preto e a polêmica sobre o caso Alston, imbróglio que já atravessou diversos governos, a começar pelo do finado Orestes Quércia. Fora isso, há o recente escândalo na seara do deputado Barros Munhoz, que nos últimos quatro anos serviu de maneira obediente aos interesses políticos do ex-governador José Serra.

Como se isso fosse pouco, os deputados de oposição podem levar à coxia do Legislativo o assunto que vem causando dores de cabeça ao governador de São Paulo. O entrevero entre o secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, e os policiais civis. Desde que assumiu a pasta por indicação de José Serra, o secretário vem promovendo uma necessária assepsia na Polícia Civil, que como em qualquer órgão público tem servidores corruptos. Acontece que Antônio Ferreira Pinto tem errado ao classificar todos os policiais civis como tal.

Por conta das contundentes e quase diárias declarações contra a Polícia Civil, que está em uma quase silenciosa intifada, Ferreira Pinto decidiu na manhã desta segunda-feira (13) a demissão do delegado Marco Antonio Desgualdo, até então responsável pela direção do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa. Ex-delegado-geral de São Paulo, Desgualdo comandou nesses últimos anos um capítulo da polícia paulista que foi nacionalmente elogiado pela competência na elucidação de crimes. O primeiro nome que surgiu para substituir Marco Antonio Desgualdo da direção do DHPP é o do delegado Aldo Galiano Jr.

Não se pode fechar os olhos para a corrupção que existe em qualquer órgão público, mas é uma temeridade nivelar por baixo todos os policiais civis, que desde o início da era tucana no Palácio dos Bandeirantes tem sofrido duramente quando o assunto é reajuste salarial e plano de carreira.

Durante a disputa pelo governo de São Paulo, os partidos de oposição ao tucanato se uniram ao então candidato petista Aloízio Mercadante para defender melhores dias para a polícia paulista. Resta saber se os mesmos oposicionistas manterão a postura e o discurso na Assembleia Legislativa, chamando o secretário Antônio Ferreira Pinto para explicar e confirmar as denúncias pasteurizadas contra a Polícia Civil.